segunda-feira, 31 de outubro de 2011

que Nelson Rodrigues o que.
eu tava lendo a história do Rei Artur, gente, e pasmem, não só o cara cometeu incesto e teve um filho com a meia-irmã, como chamou o melhor amigo pra dividir a mulher dele com ele.
rolou um ménage tenso no final do livro.
tô curtindo.
beijos.


* e a história da humanidade é isso, né, repetições aleatórias de histórias cabulosas. e o que mais me irrita é uma patrulhinha do politicamente correto de vez em quando dar o ar da graça e assoprar as trombetas do apocalipse: "esse mundo tá perdido". Tá perdido? Vai ver o que nego fazia na idade média.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Santa Cecília

Descobri um ônibus novo que passa bem no meio de Higienópolis e me deu a oportunidade de conhecer melhor o bairro de Santa Cecília, essa linda. Me senti como se estivesse numa mistura dos bairros porteños da Recoleta e de San Telmo, com uma pitada de comércio popular de cidade do interior. Ou seja, amei.

A única pena é o fato de não ter tido tempo pra descer do ônibus e fotografar um pouco. O que não fiz também pelo recém-incorporado medo paulistano de ter meu celular roubado por um noinha.

Porque esse post merecia fotos, que delícia de bairro.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

as palavras-chave

Eu não tenho um milhão de leitores, mas tenho alguns. A maioria, acredito, são amigos, pessoas que frequentam o blog "dequandenvês" pra ver se eu continuo sofrendo essa dor linda ou se ela já passou. Sei lá. Mas tem também uma porcentagem de leitores que chega aqui por meio do Google. E esse post, seu lindo, é dedicado a você!

Vejam esta semana. Alguém procurou "dupla copenhagen" e chegou até aqui. Eu fiquei imaginando se alguém estava procurando um parceiro de viagem pra ir até Copenhagen (pode ser eu?). Ou, já que estamos tratando de uma busca na internet, se era alguma tara em irmãs gêmeas dinamarquesas. Mas se a pessoa chegou aqui num blog melancólico, parabéns a todos os envolvidos.

Tem também "esquizofrenia vida dupla", obviamente uma pesquisa com objetivos informativos. Queriam saber como o esquizofrênico leva essa vida de duas faces (já que eles alternam momentos de lucidez e crise - cultura, a gente se vê por aqui). Mas chegaram aqui e deram de cara apenas com um breve bafejo de esquizofrenia muito bem administrada socialmente (AKA eu)

A busca "vida de manicure" é um nome perfeito pra seriado na Globo e ó, daria audiência, viu. Eu contei uma ou duas histórias de manicure aqui e te digo que fez sucesso. Unha dá ibope. Unha + fofoca + classe emergente então, é disco de platina.

Mas eu deixei o melhor pro final. Alguém chegou aqui buscando "fugir+de+casa+de+bicicleta". Assim mesmo, com o sinal +. Eu achei lindo porque esse era um dos meus sonhos de infância, mas ao mesmo tempo fiquei deveras preocupada com o fato de uma criança poder ter chegado até esse blog nada adequado à categoria. Mas voltando: amigo, quando descobrir como é que faz pra fugir, me conta? Porque fugir de casa de bicicleta é a busca mais linda da semana.

diálogo

- Era tudo tão leve, era tudo tão jovem e bom. Eu nunca entendi porque acabou.

- O importante não é o porquê.

- Então quando?

- Naquele momento em que eu te disse que passaria a noite toda fazendo sexo com você. Eu vi você se apaixonando, vi seus olhos se acendendo, e tudo o que eu queria dizer é não.

- Mas você não disse.

- Meu corpo disse. Você quis amor, e eu não queria nada, só machucar um pouco mais o meu corpo. Meus olhos se apagaram, e acabou.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

o elefante

E quando eu disse o quanto eu era sozinha, você não acreditou. Eu demiti uma terapeuta porque consegui convencê-la de que eu era tão legal (e era tão bom ter mais alguém que acreditasse nessa imagem), que foi impossível começar a mostrar aquele elefante enorme na sala.

Pois bem, o elefante está lá. E a grande questão é expulsá-lo e descobrir a sala sem móveis, sem habitantes, e com um monte de merda pra limpar.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Chandler

Tem um episódio de Friends em que o Chandler sai com a chefe da Rachel. Ela amou o encontro e acha que eles têm tudo a ver, ele odeia o encontro e acha que ela é uma mala. Só que, no final do encontro, ele solta o famoso "te ligo" e a mulher surta durante dias, esperando que ele ligasse. No final, a Rachel obriga ele a sair de novo e a NÃO dizer que vai ligar, mas ele simplesmente não consegue. É um vício.

Eu nunca gostei do Chandler. Tem horas que eu gosto de algumas piadas, dou muita risada, mas tem algo nele que me incomoda profundamente. No fundo, acho que ele representa todos os babacas que eu conheci e que eventualmente me fizeram acreditar que ligariam. Ou outros babacas que diziam "não é você, sou eu", ou que não tinham coragem de terminar um namoro.

Eu continuo não gostando do Chandler mesmo tendo total consciência de que já fiz coisas parecidas, de que menti só pra ser legal e sair como a fofa da história. Mas cadê que eu assumo. Nego até a morte.

* isso me lembrou um outro episódio em que o Joey se apaixonou por uma colega de trabalho e no dia seguinte ela falou que não era nada demais. Ele ficou péssimo, mas percebeu que já tinha feito isso muitas vezes também e saiu ligando pra todas as mulheres que magoou pedindo desculpa. É isso que eu chamo de ter um coração. Eu sequer me lembro das pessoas que magoei, beijos.

** estou vendo Friends demais.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

o efeito manada na escolha de um loser

Eu era bem novinha e trabalhava num jornal. Tinha esse menino que entrou depois de mim, com um salário super baixo pra cobrir o buraco de um fotógrafo que tinha sido demitido.

Ele entrou com o maior tesão de trabalhar, super feliz de fazer fotojornalismo, porque até então cobria festas e eventos, sabe. E, talvez por ser um menino, talvez por não ter tanta experiência assim, talvez por ser novo no grupinho, ele nunca foi muito aceito entre os outros fotógrafos.

Por outro lado, ele era um amor. Não reclamava quando tinha uma pauta chata pra fazer (e adivinha com quais ele ficava sempre? as filés é que não eram), era super prestativo e ouvia a nossa opinião em tudo. Não era inseguro, era humilde. Igual a ele tinha apenas um outro fotógrafo, que era bem legal também, mas sacou que o chefe não gostava dele e não chegou a ser muito próximo do menino.

A questão é que o resto da redação sacou tudo isso e começou a agir como se o menino fosse um profissional "menor". A ponto de reclamar com o chefe dos fotógrafos quando era ele quem ia pra uma pauta mais elaborada. Ou seja, só estimulavam o preconceito. Surgiram várias fofocas sobre ele, entre elas o famoso "ele não precisa trabalhar", só porque ele tinha uma namorada rica. Uma NAMORADA rica, não um pai rico ou pelo menos um irmão. E isso continuou assim até quando eu me lembro, e ele continuou lá, se esforçando, não reclamando, do mesmo jeito.

Eu podia terminar falando que os bonzinhos só se fodem, mas não é bem o caso. O que fode mesmo é o efeito manada. A partir do momento em que o grupo dominante define, mesmo que inconscientemente, quem deve ser ignorado ou mesmo maltratado, as coisas desandam demais. Os subordinados passam a fazer aquilo que o chefe faz, isso se irradia pro resto do grupo e, sem fazer nada, o cara é eleito o loser eterno.

E aí que eu sigo esse menino no facebook e eu percebo que nenhuma das pessoas que trabalhou com ele durante essa época é amigo dele ou comenta as coisas que ele faz. E olha que ele posta fotos muito boas. Enquanto o ex-chefe dele, que é também muito bom e também é seguido por mim no facebook, é ovacionado loucamente por fotos bem mais ou menos.

Entendo que o negócio se perpetuou, pelo menos nesse grupo. E, olha, não é um caso isolado. O triste mesmo é que eu vejo isso todos os dias, e a única solução (pelo menos para o perseguido) é sair fora o quanto antes.


* e eu acho que tem outra questão também. O efeito manada acontece porque as pessoas têm medo de não aderirem ao grupo e elas serem escolhidas as perdedoras da vez. Tenho certeza disso.

sensatas

Eu sempre recorro a esse blog quando a coisa aperta. Virou muleta. O pior é que nem tudo é dizível, existem coisas tão inconscientes que não viram palavras. E a minha eterna luta é tentar colocar um pouco pra fora, é a luta dos dias angustiados, da eterna surpresa com a vida que não vai embora, daquele medo danado que eu já descobri que é alegria.

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Eu sou um ser que sente e que gosta de palavras. Uma tradutora bastante malsucedida do dentro pra fora. E, pobre do meu coraçãozinho, uma analfabeta do fora pra dentro.

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Tenho me irritado nos últimos dias comigo mesma. Com a minha bagagem de certezas que sempre carrego comigo, e com a presteza com que elas saem pra fora quando alguém me apresenta um problema. Aconselhadora, resolvedora, sensata, pretensiosa.

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Anote a receita: um bom punhado de decepções misturado à doce delícia de viver. Coloque alguns dias em banho-maria e sirva frio, decorado com pitadas de ironia.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

diálogos

Tenho escrito muito, em pedaços de papel que logicamente vão se perder em algum canto da minha casa abarrotada de livros e cadernos. É uma pena porque tenho gostado de escrever de uma forma que eu nunca tinha escrito antes: meus assuntos preferidos são diálogos sobre o amor. É como se fossem diálogos de filmes, mas daqueles filmes bem chatos onde o amor nunca se resolve. Não é comédia romântica, não é drama, são só conversas de pessoas muito realistas sobre o que é o amor.

Li alguns pro Victor e ele acha que as pessoas vão se matar se lerem algum filme com meus diálogos. Que eles são até bonitos, mas muito tristes, desiludidos. E eu quis mostrar pra ele que não. Que eu queria o contrário, que as pessoas lessem e entendessem essa liberdade que é o amor. E que a gente só está conectado ao outro porque quer, é uma decisão racional. (Mas que talvez não devesse ser tão racional assim, assumo.)

No final a gente teve uma discussão ao nosso estilo (que é até engraçada de se ver, discussões calmas, ponderadas e filosóficas). Ele me disse que vê uma enorme contradição em mim, eu com todo o meu pensamento liberal e racional e tudo o mais, me comporto de uma forma emocional demais, controladora, impulsiva.

Não sei porque escrevi isso, mas eu tava com a ideia de fazer um novo blog, colocar meus diálogos, botar os demônios pra fora, sei lá.

Incoerência, trabalhamos.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

esclarecimentos

Sim, eu dei uma sumida e isso é ótimo.

Minhas fases mais criativas são coincidentemente as mais infelizes. Isso significa que ficar longe é bom, que eu estou curtindo viver a minha vida depois de sei lá quantos meses.

O sol voltou. Estou de casa nova. Trabalhando muito em algo que amo. Meu Vitão tá feliz.

Estamos bem, estamos todos bem.