quinta-feira, 28 de julho de 2011

aos 15

Hoje eu li uma notícia de uma mulher de 32 anos que sofreu um estresse tão forte que um belo dia acordou e achava que tinha 15 anos. Ela não se lembrava que tinha envelhecido, tido um filho, nem do seu trabalho e de tudo o que tinha acontecido desde a adolescência dela.

No final da matéria, ela conta que ficou muito decepcionada quando viu a vida que tinha, porque não se imaginava uma mãe solteira aos 32, e pensava que seria "dona do mundo".

Foi engraçado porque eu lembrei de quando tinha 15 anos. Eu só queria engordar um pouco, comprar umas roupas novas e ficar com algum dos 8 meninos pelos quais eu era apaixonada. Ia para a escola com um pouco de medo e preguiça, mas uma enorme determinação em ser diferente de quem eu tinha sido até então. Já tinha decidido ser jornalista, mas nunca me imaginei rica ou poderosa ou famosa ou nada disso. Eu achava que aos 32 anos, seria linda e segura, teria os homens aos meus pés e roupas legais. E acho que pensava que eu teria mais rugas do que efetivamente tenho hoje. Digamos que eu conquistei uns 70% disso: poderia ser mais bonita, poderia ter mais roupas legais, e os homens deinitivamente não estão aos meus pés.

Mas vejam bem, ainda faltam 3 anos. Tô no lucro.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

simples

eu só queria dizer o quanto eu detesto gente que precisa demonstrar sua sabedoria, conhecimento e cultura e que, pra isso, falam e escrevem daquele jeito, né.

o pior jeito de demonstrar isso é sendo prolixo, empolado e chato. sério. podem reparar: os caras mais incríveis são os que conseguiram tornar tudo claro.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

eu já passei da idade

Há um tempinho, eu me inscrevi em um monte dessas listas de vagas pra jornalistas, assessores e afins. Recebia algumas vagas interessantes em algumas delas e cheguei até a me candidatar - em dois ou três casos, eu fui chamada para a entrevista, mas não passou disso.

O fato é que, mesmo anos depois, eu continuo recebendo os emails dessas listas. E me impressiono com a minha incapacidade de me descadastrar dessa porcaria, porque, afinal de contas, nenhuma vaga do tipo "analista de comunicação com salário de R$ 1,5 mil a R$ 2 mil, exige-se inglês fluente, pós-graduação e pelo menos cinco anos de experiência" vai me brilhar os olhos. Aliás, não brilha os olhos de ninguém, e é exatamente por isso que elas são repassadas ad eternum pra essas listas: em busca de um desesperado que tope a roubada.

E além disso eu não tenho mais idade pra essas coisas.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

eu poderia estar roubando, eu poderia estar matando

Eu quero muito muito muito fazer um curso de fotografia. Já pensei em fazer teatro também, não que eu goste de teatro, pelo contrário, detesto, mas teatro é importante. Funciona como uma terapia e você conhece pessoas boas, com exceção da alta porcentagem de arrogantes. Mas aí é só fazer o curso certo.

Também já pensei em fazer curso de ayurveda, e de desenho também. Línguas, sempre, todas. Sustentabilidade, quando ainda não era a moda, e talvez agora, que está deixando de ser. Maquiagem, dança. Cultura afro. Moda, costura, qualquer coisa.

Eu sou um ser humano sedento por aprendizado: não que eu queira usá-lo pra nada, eu só quero aprender. Por isso acho que eu gosto tanto de livros de ficção; eles não ensinam nada que eu vá usar na vida, talvez eles ensinem vida, mas nada que me faça subir na carreira ou algo do tipo. Eu gosto de um bom banco de sala de aula, gosto de ouvir gente inteligente falando e me deslumbrar com coisas novas. Mesmo que elas sejam esquecidas 3 segundos depois.

É claro que não me orgulho disso; no fundo, eu deveria me envergonhar também. Mas a minha cara de pau não me permite sentir isso: essa característica é mais um sinal de minha deliciosa e vasta preguiça, que cultivo há quase três décadas e que me garantiu a sobrevivência até agora.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

não está sendo fácil

Minha vida está em ritmo de hit da Kátia Cega.

Pontos altos das últimas semanas:

- Refeições
- Todos os eventos que envolvam doses cavalares de álcool
- Aulas de ioga (especialmente a última, quando eu finalmente consegui fazer a parada de cabeça sem ajuda de nenhum ser humano. Próximos capítulos: fazer sem a ajuda da parede)

Olha que beleza, daqui a pouco posso criar a minha própria sociedade sem pessoas.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

O circo

Eu tinha uns 15 anos, e uma amiga da minha idade. Ela foi ao circo, se apaixonou pelo trapezista, e um dia veio me dizer: vou embora, vou fugir com o circo. Era algo tão possível pra mim nessa época que eu nunca questionei. Fiquei triste de perder minha amiga para o circo, de nunca ter um endereço direito pra escrever pra ela. Ainda não era a idade de ouro da internet.

É claro que ela não fugiu com o circo; ainda mora na mesma cidade, na mesma casa, tem praticamente a mesma vida.

Como aos 15 anos, eu ainda acredito nas pessoas quando elas dizem coisas esdrúxulas, mas esse é assunto pra outro post. O que eu queria falar aqui é que eu acho que, bem lá no fundo, todo mundo tem um circo para o qual pode ameaçar fugir quando as coisas apertam. O meu plano B é bem detalhado e inclui raspar a cabeça, fazer drinks à noite e, de dia, ajudar a servir o café da manhã no hostel onde vou morar. De graça. Ah, e me locomover por toda a Holanda da bicicleta.

É preciso ser só um pouco mais legal, só um pouco mais dedicada, só um pouco menos preguiçosa. E falar um pouco menos, e beber um pouco menos, e economizar um pouco mais. Mas é preciso comprar só mais algumas coisas. E fazer mais exercícios, e passar filtro solar em mais lugares. E encontrar mais os amigos, e comer mais frutas, e ir mais ao cinema. E ganhar mais dinheiro. E viajar mais.

E cuidar mais de mim mesma, ó círculo vicioso dos infernos.