quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Do passado

E daí que eu fui a uma festa lá no interior de Minas. Onde cresci. Foi um achado, uma festa com bandas boas, num lugar ao ar livre mas com abrigo pra chuva, amigos que não via há tempos. Gente que foi da minha sala na quarta série. Viraram médicos, donas de casa com filhos, viraram funcionários públicos, viraram várias coisas. Engraçado vc ver a infância crescida. Mas enfim, o legal mesmo foi ver o que essas pessoas achavam de mim. Tipo:

- Nossa, Vívian, a imagem que eu guardo de você é a de uma pessoa extremamente agitada.

- Como você era doida, né. Meu Deus, era doida demais.

E eu lá, né. Eu sabia que era meio doida mesmo, mas a imagem que as pessoas de mim era de tri-doida. Impressionante. Foi bom eles terem me visto, que eu virei gente, que tenho um trabalho, responsabilidades, tudo o mais. Foi divertido até, porque todo mundo me via e fazia uma cara de "oh, meu Deus, olha quem tá aqui". Eu de cabelo curtinho e uma roupa totalmente nada a ver, All Star e jeans, uma camiseta do Abaporu estilizado. O povo de salto no meio da lama, vestidos curtos tomara que caia. Chuva, chuva, chuva. Parecia um sonho.

* Mas aí eu comecei a passar mal de fome e fui embora.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

conversas furtadas

Ouvido em uma cidade bem parecida com Dogville.

"- Minha filha tá ficando com um cara super legal. Ele tá passando férias nos EUA.
- É mesmo?
- É, pra vc ver o nível do rapaz. Mas é um cara assim, super simples, sabe"

"- Eu preciso dar um presente pra ele.
- Dá um livro.
- Mas um livro custa R$ 40. Não vou dar um presente de R$ 40"

"Depois dos 30 anos, você não consegue uma mulher sem pagar. Não digo prostituição, mas tem que pagar um restaurante caro, um motel, uma viagem, um presente. Você paga indiretamente. Ou acha que ela vai ficar com você porque tem pegada?"


EU JURO QUE OUVI ISSO. TENHO TESTEMUNHAS.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

antes que o ano acabe

eu queria falar o quanto eu queria morar numa casa. Com quintal, pra que eu possa ter um cachorro e um gato que sejam amigos. Eu queria também um banco de madeira que seja comprido o suficiente para que eu possa deitar nele, ao sol, com as pernas dobradas. Um varal daqueles feitos de corda. Mais espaço para os livros e as visitas. Eu queria mas não vou morrer se não tiver. Nem ficar triste. Vou continuar querendo mil coisas durante o ano de 2011 e a maioria esmagadora delas eu não vou ter. Ainda bem.

XXX

Num mundo imaginário, as pessoas se relacionam movidas a paixões avassaladoras, eternas e cheias de romantismo. Como as novelas. Eu nunca vou esquecer quando a mulher do meu primo disse a ele que ele não era romântico como os mocinhos das novelas. Juro. Já no meu mundo, eu me relaciono com uma pessoa a quem admiro, acima de tudo, moral e intelectualmente. Nos achamos bonitos e temos química. Somos livres e temos nossas individualidades intacta. Nosso gosto cultural combina em alguns pontos e acreditamos numa coisa: o fato de que estamos juntos até hoje por sermos extremamente racionais sobre o nosso relacionamento e nosso futuro.

XXX

Talvez eu volte pra escrever mais.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

que coisa

O ano de 2010 foi uma choradeira só nesse blog e, a julgar pelo conteúdo dos posts, parece até que foi terrível. Não foi. Esse finalzinho é que foi bem triste porque eu perdi uma das pessoas mais incríveis que já conheci. Mas fazendo um balanço muito racional, esse ano está entre os melhores da minha vida.

Eu saí do Brasil pela primeira vez, em uma viagem maravilhosa com o meu amor. Depois viajei de novo, passei um mês na Inglaterra fazendo uma das coisas que mais adoro na vida, que é estudar, e me divertindo de verdade. Consegui terminar a minha pós e, se Deus quiser, dou o ponto final na monografia até o dia 31 de dezembro. Consegui o emprego dos meus sonhos em uma virada tresloucada da sorte que até hoje eu não entendi. Fui pedida em casamento, aceitei e estou mais apaixonada que nunca. Consegui encontrar meus amigos nos momentos importantes. Menos do que eu queria, sempre, mas consegui. Fiz alguns planos bacanas, dei muitas risadas, chorei acima da média e cuidei bastante de mim.

Agradeço demais. Sério. Inclusive quem me leu durante o ano todo e ficou preocupadíssimo com essa minha patológica mania de escrever coisas tristes.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

então é Natal

Mas aqui, em São Paulo, com chuva, trânsito e todo aquele stress de falta de tempo X todos aqueles presentes pra comprar, confesso que não é bom.
Natal legal mesmo é um outro, feito de momentos.

Mas esse não tem como prever, então depois eu conto.

Ou não. Vai depender de como estiver São Paulo.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

um novo olhar

Eu nunca tinha perdido alguém da família. Ninguém tão próximo.
Essa semana o cara lá de cima pegou a minha vovó emprestada, do alto dos seus 93 anos, para continuar fazendo peraltices por lá. Foi uma partida serena, apesar de triste, apesar de doída. Senti falta dela desde o primeiro momento, mas acho que vou continuar com essa saudade pelo resto da vida.

Moramos juntas. Vivemos um monte de coisas juntas. Ela me fez ter um novo olhar pra vida, ela me ensinou muito sobre doação, sobre trabalho, independência, relacionamentos. Nossa, foi um turbilhão de ensinamentos, todos eles bons.

Aí ela se foi. Junto com um pedaço da minha infância e da minha adolescência, que eu acho que ela curtiu mais em mim. Ela me curtiu demais, foi aquela avó que todo mundo sonha ter. Tive sorte, de verdade.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

eu queria um casamento assim

Eu vou me casar. Não tenho dinheiro e nem uma religião. Tenho uma família que amo muito e que tem expectativas sobre a primeira filha. Um namorado ateu e tímido. Amigos de que gosto muito e que gostaria que estivessem lá.

Não tem nenhum lá ainda. Casar, pelo menos por aqui, na babacolândia*, é um absurdo. Eu queria um casamento com comida simples, música boa e um vento quase frio. Um vestido que não seja de noiva mas que seja lindo. Um arranjo de cabeça. Algumas flores na mão, mesmo que colhidas por acaso. Fotos boas, mas não profissionais. Uma viagem legal de lua de mel.

Não quero igreja, nem banda, nem filmagem, nem alugar vestidos. Não faço questão de comilança, festança, dia de noiva, cabelos e maquiagem incríveis. No fundo, eu queria um casamento pé no chão, em todos os sentidos que isso possa ter.

O problema é que o casamento que eu quero não existe. Pelo menos não por aqui.




* é todo um conceito. Mas acho que dá pra entender. Pelo menos quem reconhece toda a cultura babacóide que nos cerca.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Eu odeio o dia dos namorados

Nem é Dia dos Namorados. Mas eu tava lendo um blog que não lia há quase um ano e dei de cara com um post escrito justamente no dia 12 de junho.

Dia, aliás, em que fui pedida em casamento este ano, mas eu gosto desse dia por isso e não por ser Dia dos Namorados (olha eu fugindo do assunto).

O Dia dos Namorados é horrível porque você se sente na obrigação de ser melosa, romântica e fazer fofurinhas mesmo quando está de TPM ou cansada ou qualquer outra coisa.

Você não pode ir a um restaurante que gosta, não pode nem escolher um vinho no supermercado. Vai estar trânsito, as lojas estarão insuportavelmente cheias e chatas. Você tem que encarar fila no motel, o que, pra mim, é um sinônimo de inferno na Terra.

No fundo, a parte de ganhar e dar presentes é a mais legal.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Mais uma coisa que eu descobri

Se alguém nunca reclama de nada, não é que não tenha problemas.

Talvez tenha problemas demais e não queira contar por vergonha.
Talvez tenha tão poucos problemas que acha que os outros têm mais.
Talvez tenha problemas médios e não queira incomodar ninguém.
Talvez não reclame porque acha que não ajuda a resolver os problemas.

Mas quando alguém que nunca reclama de nada começa a reclamar de alguma coisa, mesmo que seja uma só, e não encontra ouvidos?

Talvez seja a melhor explicação para nunca reclamar dos problemas.

Desculpa, Sartre

Não adianta a gente querer entender porque aquilo que incomoda é tão ruim.
Não adianta tentar mudar o outro ou ficar criticando tanto o porquê dele ser tão outro.


O importante mesmo é entender porque aquilo que incomoda incomoda tanto.


Porque o inferno não são os outros. O inferno é a gente.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Uma vida feliz. Que droga.

Olha que droga. Eu tão feliz conversando com pessoas e fazendo perguntas e ocupando tão bem o meu tempo sem dar um mínimo espaço pra melancolia. Reclamando sempre, mas reclamar é tão parte de tudo. De ser inconformado e querer a atenção das pessoas e tudo o mais. Sim, sou um ser humano complicado.

Mas o fato é que de repente você vê um nome. E volta toda a tristeza absurda de novo, e você que tinha certeza que todas as suas angústias eram culpa das escolhas erradas que fez. E não eram. (Você conseguiu voltar atrás nas escolhas e descobriu – ó vida, ó azar – que as angústias estão intocadas e gritam de fome todo dia).

Só porque você viu um nome e descobriu que podia ter tido outra vida que não a sua, e que provavelmente seria uma vida rasa e com angústias piores. E com toda a sua gula por angústias você não resiste à possibilidade de ter sido alguém mais infeliz. E ter tido uma vida que parecesse um roteiro de filme de arte belga. Mas que pena né, você é feliz e etc.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

eu sou magra

Ser magra é o sonho de 99% das mulheres. E o meu também, né, um dos sonhos.
O fato é que eu já sou magra. Não sou uma modelo, linda e sarada, mas sou magra. E isso me coloca numa categoria à parte. Não que eu seja odiada. Eu sou vigiada. Sou monitorada o tempo todo, acredite se quiser. Tem coisas que não posso falar, tem roupas que só uso porque sou magra, as pessoas me classificm como "magra" e tudo gira em torno disso.

É um saco.

Funciona assim:
"Vívian, vamos almoçar?"
"Ah, eu vou daqui a pouco, ainda estou sem fome."
"SEM FOME? Aí, tá vendo, é por isso que ela é magra"

"Vívian, vamos almoçar?"
"Ah, obrigada, eu já fui porque fiquei com fome cedo"
"Aí, ela come cedo, por isso é magra"

"O que você quer comer hoje, Vívian?"
"Hambúrguer"
"Ah, vc pode, é magra, não entendo como você consegue"

"O que você quer comer hoje, Vívian?"
"Salada"
"Ai, que ótimo, por isso você é magra, fica bem comendo só uma saladinha"

OU

"Estou louca pela calça/saia/vestido XPTO"
"Isso porque vc é magra, pode usar"

É um rótulo. Dá raiva, porque além de magra, eu sou pisciana, sou jornalista, sou chata, tenho TPM, sou instável, carente, boba, preocupada, pós-graduanda, planejo um casamento, reebo seguro-desemprego e quero clarear os dentes.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Ela chegou de novo

Aquela tristezinha. Companheira de sempre.
Não sei se ela vem da incerteza. Talvez. Mas é um incerteza boa, de não ter a menor ideia do que vai acontecer e ao mesmo tempo, olha que legal, a incerteza que eu sempre amei.

Sinto falta dos amigos, das coisas que eu não vivi, arrependimento de não ter feito mais coisas. E ao mesmo tempo alegria por twer topado várias.

Que droga, quando essa dor vem assim é tão bom. E eu sinto falta de muita gente. Gente que nunca mais.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

o problema era o cliente

Eu demorei tanto pra acreditar, e agora faz um mês e eu já tô me acostumando. Meio com raiva de ter me acostumado já, por mim quela sensção de incredulidade duraria pra sempre. Do mesmo jeito que ainda é um mistério o fato de ter conseguido, depois de ter esperado tanto, e ter conseguido assim, sem pedir, sem forçar. Aconteceu.

Os dedos doem de tanto digitar, o pescoço também de ficar meio torto entrevistando. Mas a alma tá limpíssima de não ter mais cliente. E olha que engraçado, só depois de sair é que eu soube que o que me incomodou nos últimos 5 anos foi o fato de ter cliente. Nada contra eles, o problema era o fato de saber. E de ter de me "portar". E de não poder falar ou fazer algo porque, afinal, o que o "cliente vai pensar"?

Eu não sabia, mas o problema era só esse.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Nem tadinha nem bad girl

Os estalos. Muitas vezes eles acontecem no chuveiro, mais do que eu gostaria. Mas, como diria um amigo, ideias acontecem no chuveiro e é preciso respeitá-las.

Outros, muitos estalos, acontecem depois de uma conversa com alguém. Ou depois de lembrar de uma pessoa e pensar um pouco nela. Mas sempre depois, bem depois. Os estalos são lentos e só me provam que eu não sou esperta em relação às pessoas. Sou lenta e não percebo o óbvio logo de cara.

Tudo isso pra contar o último estalo. Foi assim, um amigo me contou que tava namorando, disse "Tadinha, eu não estou apaixonado mas gosto dela". Tadinha. Eu tenho mania de chamar as pessoa de "tadinho", mas sei que não é legal. Eu não gostaria de ser chamada de tadinha, disse a ele. Ele também não. Ele prefere ser bad boy. E aí eu disse que não era bad girl também. Nem tadinha nem bad girl.

E aí depois, bem depois, eu fiquei pensando sobre o MEDO que a gente tem de ser loser, de ser tadinho, de ser digno de pena. Um orgulho monstruoso que nos faz querer, preferir ser maus a ser coitados. E toda a carga simbólica positiva que vem junto com a expressão bad boy. É pra se pensar, né. "prefiro foder os outro do que merecer algum tipo de pena". E o pior é que eu compactuo um pouco com esse pensamento. E sei que muita gente também.


* O tadinho também tem uma carga, né. Uma cultura judaico-cristã do sofrimento e da culpa. Tem quem curta, também. Que bom, né, rola uma diversidade.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Aprendendo com histórias

E aí que eu tenho essa conhecida.
Ela é uma fofa, todo mundo gosta dela. Pesa o fato dela ter vivido um relacionamento triste e frustrado, mas ela é legal mesmo.

E aí que ela tá cometendo os mesmos erros de antes. Ela comete publicamente. E o novo relacionamento dela tá se transformando no antigo. Eu sei que ela não consegue fazer diferente. Sei também que eu mesma me encaixo no perfil dela, e morro de medo de estar errando nas mesmas coisas.

E olha que incrível, talvez uma amiga minha esteja pensando o mesmo sobre mim. E preocupada sobre eu estar cometendo os mesmos erros.

Ou talvez não exist essa amiga e eu só estou inventando tudo.

Quem disse que é tão fácil?

e ele independeu mesmo

Mesmo com essa minha necessidade de controlar tudo (será que é medo?).
O mundo espertamente me enganou e independeu de mim. Mostrou que não vale a pena desistir de algo que já tava lá, pronto pra ser meu. E que, independente do que eu decida, quem dá as cartas mesmo é ele.

E eu, que pedi tanto por mudanças incríveis e inesperadas, fui incrivelmente surpreendida. Quem diria, a planejadora ansiosa e mandona foi pega de jeito.

E a partir de agora eu prometo tentar ser menos assim. Mas só tentar porque, pelo que me lembre, desde os seis anos eu fico assim. Maquinando.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

que bom que é assim

"O mundo independia de mim - esta era a confiança a que eu tinha chegado: o mundo independia de mim, e não estou entendendo o que estou dizendo, nunca! nunca mais compreenderei o que eu disser. Pois como poderia eu dizer sem que a palavra mentisse por mim? como poderei dizer senão timidamente assim: a vida se me é. A vida se me é, e eu não entendo o que digo"

Sempre ela, Clarice

terça-feira, 3 de agosto de 2010

errado

tudo parece errado. Com letra minúscula mesmo, aquele conjunto de erradinhos que vão sendo somados. Não, eles não viram um Erradão. Sua vida continua boa. Você tem amigos, um trabalho legal e um salário até que mais ou menos. Tem uma família bacana e roupas novas. Planos. Um amor. Mas tá tudo meio esquisito, e você já vinha sentindo aquele incômodo.

Na verdade mesmo, nunca parou de sentir, mas colocar este sentimento entre a reunião, o cinema, o twitter, a monografia e aquele monte de telefonemas que você recebe durante o dia é tão difícil. Aí você o coloca naquele cantinho mais obscuro que você não limpa muito. E não acessa tanto.

Não é de repente que ele aparece. Nem foi você que resolveu fazer uma faxina naquele cantinho. Não tem gota d'água nessa história, o errado simplesmente está lá, você sabe que ele está, ele sabe que você sabe e assim segue a vida com esses sabendos.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

É bom ficar sozinha

E poder chegar em casa sem se preocupar com nada. Comer qualquer coisa, botar os pés pra cima no sofá e assistir a uma porcaria na televisão. Nem arrumar a casa direito, afinal ninguém está vendo mesmo.

Sair com os amigos e tomar muito cuidado pra não beber muito e ficar dando trabalho. Ficar todo o tempo do mundo no banheiro ajeitando o cabelo e a sobrancelha. E pintar as unhas de cores esdrúxulas.

Mas tá bom, Vi, já pode voltar pra casa que eu tô morrendo de saudade, viu?

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Três dias bons

Teve Buena Vista Social Club e muitas sonecas.

Teve amigos e um restaurante novo, com a melhor torta de maçã com sorvete de baunilha.

Chamegos, todos eles, e até uma ressaquinha de leve, nada que tirasse a alegria.

Um sol bom invadindo o quarto e lembrando a gente que já tava na hora de viver.

Comidas doidas que inventamos juntos e uma enorme preguiça de lavar a louça.

Uma volta de mãos dadas no parque, filmes, filmes, filmes, filmes.

Tudo deliciosamente bagunçado, sem planos e com provisões infinitas de amor.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Amor desproporcional

Não é que exista medida pra amor. Nunca achei que existisse.
Mas me incomoda quando você percebe que o amor que te dedicam é maior do que o que você sente. O contrário até que não, porque amar alguém intensamente muitas vezes basta. Não precisa nem que a pessoa saiba (e daí todo o princípio do lindo e adolescente platonismo).

Mas ser amado por alguém, e saber que se é amado, de uma forma que você não pode retribuir, nossa. É terrível. É um fardo. Incomoda. Dá pena, dá asco, dá um monte de coisas ruins. Não sei lidar.

Não é que aconteça sempre. Mas acontece. Pode até não ser amor, pode ser um excesso de boa-vontade, de amizade, ou até mesmo uma falsidade muito bem encenada. Até mesmo pessoas muito servis. Não gosto quando alguém se põe abaixo e te olha como se você fosse Algo. Assim mesmo, com A maiúsculo.

Mil vezes amar escondido e morrer de sofrer por não ser correspondido.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Me avisaram

Me disseram que eu não seria mais a mesma.*

Meu cabelo tá mais feio, mas é porque tá sem corte. Eu tô gastando mais sem sofrer tanto. Voltei com roupas legais e fotos bacanas.

Mas não é isso que mudou. Agora eu fico mais quieta e pensando mais. Dentro de mim, a revolução. A tristeza. E uma desconfiança de que eu não deveria nem ter ido, porque a ignorância é muito feliz.

Ou então uma certeza de que não deveria ter voltado. Que droga que isso nunca mais passa, meu Deus.

* também me disseram que um dia eu vou olhar pra trás e pensar que foi um sonho. Mas isso eu não quero. Prefiro ficar sofrendo.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

ai, que saudade

Rita, Nicoline, Gui e Fê.
Ricardo, Marcelo, Marilza, Tia Flau e Bianca.
Minha vó, todos de Brighton, Gabriela.

Cinema à tarde. Bolinho de chuva. Vento na praça do lado da minha casa em Juiz de Fora balançando as folhas. Namorar fora de casa porque dentro não pode. Medo de alguém descobrir.

Meus irmãos, meus primos, minha mãe, meu pai.
Lique, Muanis, Renata Miranda, Renatinha Brum. Todos os meus editores.
Paulo Gustavo. Muriaé, Ludmila, Fernanda. Gabriel.

Assistir Pica-pau. Correr na rua bem rápido sem ter peitos. Barbie. Livros infantis da casa da minha tia. Livros adultos roubados da casa de outra tia. Livros, muitos livros da biblioteca da escola da minha mãe.

Meus amores, todos.
Pollyanna, Claudias, Letícia, os meninos do cursinho.
Minhas afilhadas de casamento. Meu sobrinho que eu nem conheci, mas guardo as fotos com carinho.


Coração parando de tanta saudade, ai meu Deus.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Somos livres, e este é o inferno*

Teve o jogo da Coreia com o Brasil. E o tempo todo eu ficava preocupada com os jogadores, como cada um devia estar se sentindo. E ele, sabiamente, me disse:

- Eles não têm individualidade, Vi. Eles foram criados para serem "a pátria", "o grupo".

E olha que loucura, tá certo.
Essa maldita individualidade é que traz os nossos problemas. Porque ela traz a liberdade. E a possibilidade de fazer escolhas. E todo o resto.

E daí que a vida toda a gente passa fazendo escolhas porque se é livre, sofrendo por ter feito as escolhas erradas, mesmo se a gente fez as certas. E fazer escolhas, todo mundo sabe, é terrível.

É claro que eu amo essa liberdade. Quem me conhece e lê esse blog sabe o quanto eu prezo isso, mesmo que me faça sofrer imensamente. Mas ser livre é mesmo o ponto de partida para o inferno. Eu acho que a gente nunca se perdoa por isso.





* A frase não é minha, é da Clarice

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Oi, dor

Oi, dor, tava com saudade.

...

Não repare a bagunça. Pode se sentar em qualquer canto mesmo, a casa é sua. Eu tava precisando te ver, velhos amigos não podem ficar tão longe assim. É muita coisa pra te contar, mas eu sei que você já sabe.

...

Não, não é que eu tenha deixado você de lado. Não leve a mal. É que às vezes eu me distraio. Fico feliz. Vivo. Mas eu não esqueço, é claro que você é importante. Olha só como eu tô me sentindo agora. Viu?

...

Aí, sabia que você não iria ficar brava. Você já tá aqui, de volta, chegou junto com o frio, como sempre. Espera que eu vou ali pegar um vinho. Se quiser a gente pode conversar um pouco e lembrar os bons momentos juntas. Dorme aqui hoje, tem espaço. Sempre tem espaço pra você.

terça-feira, 15 de junho de 2010

La vie en rose

Tá bom que tem Copa do Mundo. E a gente ganha folgas e pode sair mais cedo e beber sem ter que voltar pro trabalho depois. E tá sol lá fora, mesmo com o frio.

Mas nem tô ligando. Ele me resgatou da tristeza em que eu estava depois de voltar de férias tão lindas. Me fez o pedido mais legal na festa mais legal do jeito mais legal do mundo.

E agora eu não ligo pra mais nada.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Passou

Voltar de férias é sinal de crise. Por isso é que até agora não tive coragem de falar aqui sobre as minhas férias. Elas são minhas. São internas, exclusivas, não são públicas. Só eu sei o que senti nessas férias. As impressões estão gravadas dentro de mim, não na câmera fotográfica ou no Facebook.

Mas nem é sobre isso que eu queria falar. Eu queria falar sobre São Paulo, e falar sobre isso sempre me dá uma angústia doida e essa melancolia que eu amo, misturada com a alegria que sinto de viver aqui. Na semana passada, passei pelo Viaduto do Chá às oito da noite. A cidade tava linda, iluminada, e lembrei de mim mesma há quatro anos atrás, passando pelo mesmo lugar às cinco da manhã, abraçando a cidade inteira e gritando o quanto eu era feliz de viver aqui.

Deu uma vergonhinha de ter feito isso, mas deu mesmo foi saudade do tempo em que eu ainda não tinha sido contaminada por toda essa desilusão paulistana. Não é fácil conviver com tanta gente que reclama de São Paulo. Vira hábito, como virou hábito falar "meu" e "entãããão". E dói muito ter que admitir que minha alegria foi consumida - e eu que tanto negava que isso ia acontecer.

Ainda amo muitas coisas, e sei que vou amar pra sempre - meus restaurantes queridos, feirinhas deliciosas, bairros onde eu sempre vou querer morar, os melhores cinemas com os melhores filmes, os parques, o metrô, até a tal da interação do transporte público de que sempre reclamam. Os sebos, os brechós, os bares, o chopp. A Rua Augusta, a Liberdade, a minha casa Vila Madalena com a vista mais linda do mundo.

Mas não é o mesmo mais. Isso é triste. Perceber que eu tÔ virando a página de São Paulo.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Cidade

"Sou refém da teoria generosa de Henri Lefèbvre, de que a cidade é a única coisa que vale a pena no resíduo que o homem vai deixar no planeta. A cidade é onde fazemos coisas juntos. Saio com desconhecidos, ando com eles num ônibus, compartilho espaços e sou obrigado à cortesia ou à grosseria, mas sou forçado a vê-los, aceitá-los ou combatê-los, tolerá-los. Quem se tranca em prédios cada vez mais complicados busca segurança, alegadamente física, na verdade segurança social, a afirmação constante de sua incapacidade de viver junto e olhando o horizonte de um mesmo ponto de vista que outros milhões."

Peguei daqui.

E até que senti saudade dessa definição caótica de cidade que a gente encontra em SP. Mas ó, já tá passando, viu? ;-)

segunda-feira, 26 de abril de 2010

A rotina de mudar

- Por que você quer tanto ir embora?

- Não sei. No começo é bom, mas eu enjoo das coisas.

- De que?

- Acho que de mim mesma. Do que me tornei. Dos hábitos que adquiri. Da rotina, aquela mesma, você sabe o quanto temo essa rotina.

- Mas você acha que indo pra outro lugar vai adiantar?

- Acho. Outra vida, outra história, casa nova, trabalho novo ou um jeito diferente de viver.

- Eu não acho. Até mesmo mudar o tempo todo vira rotina uma hora. A rotina de mudar.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Coisa incrível

Demorou porque eu estava cheia de trabalho, meio puta e com cólica. Hoje estou paz e amor, só pra constar.

A coisa incrível é que eu viajo daqui a dez dias (!), de férias (!), pra passar um mês (!!) em Brighton, Inglaterra (!!!). Só isso já me deixaria naturalmente enlouquecida. Mas aí eu soube que minha "família" de lá será composta de uma escritora feminista (!!!!), de um gato (!) e de um garoto de 17 anos (?).

Não é incrível? E eu já vou me precaver sobre potenciais comentários de potenciais pessoas maldosas com potenciais pensamentos cruéis.

Agora, de verdade. Se o vulcão deixar, eu vou ficar muito feliz de fazer essa viagem (trilha sonora melosa e lágrimas).

quarta-feira, 14 de abril de 2010

A fantástica história de como os hormônios mexem com a gente

Eu tenho 3 momentos em que tenho vontade de escrever. Quando acontece uma coisa incrível e eu quero contar, quando eu estou de TPM e quando estou ovulando. Os termos dos textos são bem diferentes:

- Coisa incrível: o tom geralmente é engraçado;
- TPM: reflexões sobre a vida/impaciência/melancolia;
- Ovulação: pensamentos nonsense e uma extrema empolgação com coisas nem sempre empolgantes nas Condições Normais de Temperatura e Pressão;*

Me transformei numa pessoa nova há uns seis meses, depois que coloquei o DIU. Impressionante como uma pilulazinha cria uma nova personalidade. Agora eu sou mais errada, mais sensível, mais louca, mais impaciente, mais "eu". A antiga "eu" nunca brigaria no salão de beleza porque a manicure está meia hora atrasada como a nova "eu" acabou de fazer. Eu acho isso muito bom, e olha que eu estou de TPM.

Ao mesmo tempo é incrível como essas variações hormonais criam sentimentos tão reais. Eu estou chorando como nunca. Ficando mais feliz, também. E lutando mais pelos meus direitos. Hoje estou brava, e triste, e o mundo lá fora não tá colaborando. E EU SEI que são os hormônios. Mas o fato de SABER não ajuda em nada.

Enfim, é isso.

*Também existem as combinações de ovulando + coisa incrível e TPM + coisa incrível. Daqui a pouco eu escrevo sobre a coisa incrível pra analisar como sai o tom do texto. Mas eu tenho a impressão que a incredibilidade da coisa ganha disparado da TPM.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Doeu? Então é amor.

É meio adolescente esse título, né? E meio fatalista também. Mas eu pensei nisso quando soube da história de um garoto de uns 14 anos apaixonado pela primeira vez. Ele foi trocado por outro e aquilo doeu demais, o menino sofreu horrores e a mãe dizendo "que não era pra tanto, que aquilo ia passar, que ele ia sofrer tantas outras desilusões" e etc.

Não concordo. Nem todo mundo sabe o quanto dói. E se dói, é aquela dor única que não vai ser igual às outras. Nunca.

Não estou cultuando a dor, pelo contrário. Deus me livre de sentir de novo tanta dor de amor quanto eu senti - tantas vezes eu achei até que fosse enfartar. Mas se tem uma coisa que é verdade, é essa. Doeu? É amor.

(Acho que, com o tempo, não para de doer. Mas a gente se acostuma à dor. Com o tempo, ela se incorpora à nossa vida. E a dor vira um luto que acompanha a gente. É até uma dorzinha boa quando você recorda aquele amor do passado, mas sempre com aquele machucadinho de ter vivido aquilo. E é gostoso isso. É viver)

quarta-feira, 24 de março de 2010

Passou



Peguei do @gravz

Que droga

Fiquei realmente chateada com esse assunto.

o financiamento imobiliário de 20 anos

Eu fico meio aliviada porque meio que já passei da idade de ser esquizofrênica. Mas às vezes eu continuo com um pouco de medo.

Porque eu não consigo me conformar com uma vida só, com as paixões de sempre, com a carreira que eu escolhi pra vida inteira e que, pra falar bem a verdade, estou pouco me lixando. Eu gostaria de ser entregadora de jornal, cantora de cabaré, massagista ayurvédica e professora de yoga na mesma vida. Com um milhão de interesses diversos, como é que um ser humano consegue ser o mesmo, sempre?

É muito sofrido. Ter que amar sempre as mesmas pessoas. Tem dias que eu não quero mais amar ninguém. Canso. Não é que eu tenha vontade de amar outras pessoas, é que eu não quero mais aquelas. Parece coisa de criança mimada, e provavelmente é. Mas é difícil lidar com isso. E, por incrível que pareça, eu não invejo a constância alheia. Tenho um pouco de desprezo, até. Pelo metódico, pelo planejado, pelo financiamento imobiliário de 20 anos. Isso é o que eu mais odeio em mim também, porque volta e meia vem o financiamento imobiliário de 20 anos na minha cabeça.

Sei que pode ser só um resquício de uma criação católica-aristocracia rural falida-classe média-pai comerciante-mãe professora. Provavelmente é. Mas olha, me incomoda horrores. Da mesma forma que me incomoda ter que escrever isso. Mas escrever é preciso, viver nem sempre é preciso.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Mentiras sinceras

Tinha eu e tinha ele. A gente vivia de mentiras sinceras. Muitas eram verdades, como "você é lindo/linda" e "eu gosto de ficar com você".

Outras eram mentiras como "eu queria te namorar se tudo não fosse assim", "você é a pessoa mais incrível que eu já conheci". Mentiras sinceras. A gente fingia que acreditava em tudo e nunca teve a chance de acreditar de verdade. A gente até tentou acreditar, mas acreditar é difícil, e durou pouco.

Eu não sei em que momento, mas houve um momento. Eu sorria por dentro e achava um pouco de graça. Na verdade eu ficava com pena de mim e pena dele, por querermos acreditar, e por querermos que o outro acreditasse, sendo que os dois sabíamos que nada mais era.

Foi patético. Mas foi bom. Adultezas.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Ideias soltas

- É importante?
- Você sabe. Nada nunca é importante.

XXXXX

- Engraçado. Não, não é engraçado.

XXXXX

- Sabe aquele sentimento estranho de quando você acha que gosta de alguém mas não tem certeza? Incomoda. Dói. Acho que é pior do que amor, de longe.
- Nunca amei. Nunca gostei de ninguém assim. Como posso saber?
- Você vai saber quando doer. Ah, e dá uma vontade de vomitar um pouco.
- ...
- Mas só um pouco, não fica com medo.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Machismo

Venho de uma família de grandes mulheres. Mulheres que trabalharam, que sustentaram casa, mulheres que nunca ficaram sob o jugo do marido. Minha bisavó, avó do meu pai, ficou viúva e se viu sozinha aos 16 anos com uma filha nos braços e uma máquina de costura como patrimônio. Trabalhou e conquistou seu espaço.

Minha avó materna sustentava a casa, trabalhava muito, não sabe cozinhar, se casou aos 30 anos com um homem divorciado. Teve namorados antes dele. Viajou para curtir carnaval na juventude. Nunca foi mulherzinha, apesar de ter sido submissa ao marido, como muitas de sua época.

Minha mãe resolveu continuar estudando mesmo depois dos 4 filhos. Compartilhava das contas da casa, é antenada, usa redes sociais, namora um cara mais novo e faz o que quer.

Com exemplos tão lindos eu não podia pensar diferente do que penso hoje. Por isso eu fico triste quando vejo o machismo que ainda rola solto por aí: machismo no pensamento e comportamento de homens e mulheres. Muitas estão sob a sola do sapato e das vontades de maridos e namorados. É uma pena.

Não é queimar sutiã. É só ir tomar um chopp com os amigos sem pensar que o namorado vai ficar com ciúme. É só poder escolher o que quer fazer hoje, mesmo que o homem não queira. É não precisar assistir jogo de futebol de um time para o qual você não torce. É não ter responsabilidade de cuidar de filhos que não são seus. É poder viajar sozinha, sem ter o tipo de cobrança 'onde-você-está-que-voz-de-homem-é-essa".

Esses são exemplos reais. De mulheres e meninas que acabam perdendo as próprias personalidades. Já aconteceu comigo, e eu perdi muito. Perdi a oportunidade de me conhecer, de viver coisas legais, de compartilhar alegrias. Muitas dessas mulheres com pensamentos machistas, quando perdem o namorado ou marido, perdem o chão. Sofrem porque não se conhecem mais, porque se veem sem amigos, porque a vida social inteira era em torno de uma coisa falsa, imposta, obrigatória.

Enfim, é foda. Eu vejo todo dia um exemplo disso e fico pensando se alguma coisa realmente mudou nos últimos 50 anos.

terça-feira, 9 de março de 2010

Minha dor e minha fome

Eu vivo bem com a minha dor. Me acostumei com ela, constante, presente, como uma companhia que a gente se habitua.

Minha dor é diária. É como ter um nariz meio esquisito. Você se esquece que tem, e de repente alguém olha, ou você mesmo se olha no espelho e vê aquele nariz lá. Pode incomodar às vezes, mas não é todo dia que você vai achar seu nariz esquisito, afinal é o seu nariz.

A minha dor é assim. Afinal, é minha, é cotidiana, mas também é dor, e machuca às vezes. Se faz presente. E eu vivo como se fosse um super-herói com uma identidade secreta, porque nunca falo da minha dor e escondo ela como se esconde um defeito. Mas ela não é defeituosa, é só a dor mesmo. E eu nem saberia falar dela, se quisesse, se pudesse, porque, afinal, o que se fala de uma dor?

Já a minha fome é diferente. Ela é constante também. É motivo de piada às vezes. Como uma pessoa pode sentir fome o tempo todo? Eu sinto. Mas às vezes ela some também. Lógico, some quando eu como muito, mas volta rápido. E passa alguns dias sumida também, quando tudo está triste. Ou seja, ela e a dor são companheiras, mas não se bicam muito. Como duas amigas muito lindas que competem pelo amor de alguém. No caso, eu sou esse alguém. Dividida entre a minha dor e a minha fome.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Eu tenho um plano B

Na verdade não é bem um plano B. Na verdade não é bem um plano, é uma resolução kamikaze. Uma resolução de desaparecer mesmo por um tempo.

Esse plano B tá bem guardadinho dentro de uma parte meio obscura de mim.

O homem que eu amo sabe que eu tenho esse plano. E respeita. E tem a consciência de que, se algo der errado com a gente e não pudermos mais ficar juntos, o plano é acionado automaticamente.

É meio assustador, mas isso me faz feliz. A lógica é simples: ele me faz feliz. A possibilidade do plano B também. Se ele não me fizer mais feliz, eu tenho o plano B, que obviamente vai me fazer feliz por um tempo.

Juro que vivo em cima dessa linha. É egoísta, é frio, é estranho. Mas essa sou eu.

terça-feira, 2 de março de 2010

(eu fico impossível na semana do meu aniversário)

Olha só que linda a homenagem que o Governo de S. Paulo fez pra mim.

No dia 7 de março, domingo, no fim de semana do evento mais importante do ano (meu aniversário), haverá uma apresentação gratuita da OSESP na Sala São Paulo.

Será às 11h.

Eu vou porque não posso fazer essa desfeita, né?

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Quando a saudade engole a gente

Você já sentiu?
O coração parando por um segundo? De saudade mesmo, quando você ouve uma música ou de repente aparece um alguém ou um tempo na sua cabeça e de repente o coração para, de verdade?

Hoje eu me peguei suspirando. Suspirando mesmo, e eu que achava que suspiro era coisa de literatura. Mas não é. E eu tô achando que suspiro é o grau máximo da saudade. Tipo, quanto chega a suspirar, é caso perdido.

Bom, esse post é só pra registrar que no dia 26 de fevereiro de 2010, eu senti tanta saudade que cheguei até a suspirar. E a parar o coração só um pouquinho.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Sobre o que é importante

E aí que eu cheguei em casa triste da vida por ele ter perdido uma coisa importante e que fazia ele feliz.

Pronta pra mimar e pra segurar o choro, perguntei:
- Você tá bem?

- Por incrível que pareça, tô sim. Fiquei pensando que a gente tá tão bem e isso não me deixou ficar mal.

SOCO NO ESTÔMAGO.

Você comeria?


Vou usar essa tabela no meu dia-a-dia. Peguei aqui.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Hilda Hilst

Essa entrevista saiu na revista Cult, mas eu peguei aqui.

CULT – Você nomeia Deus de muitas maneiras: “Grande coisa obscura”, “Cara cavada”, “Máscara do nojo”, “Cão de pedra”, “Superfície de gelo encravada no riso”. Sua concepção de Deus se aproxima da do poeta alemão Rainer Maria Rilke, do Deus imanente a todas as coisas, do “Deus coisificado”?

H.H. – Não é bem isso. O meu Deus não é material. Deus eu não conheço. Não conheço esse senhor. Eu sempre dizia que Ele estava até no escarro, no mijo, não que Ele fosse esse escarro e esse mijo. Há uma coisa obscura e medonha nele, que me dá pavor. Ele é uma coisa. Se bem que depois que eu li Heidegger, e releio sempre, não consigo mais falar “coisa”. Heidegger escreveu um livro enorme só para falar o que é uma coisa. Mas esse tipo de conversa você não pode pôr na revista. As pessoas ouvem falar em Deus e se chateiam. Tem que falar de coisas normais. Só quando o Paulo Coelho fala em Deus é que as pessoas escutam.

CULT – Você foi convidada a participar do Salão do Livro de Paris deste ano e se recusou a ir. Por quê?

H.H. – Eu não vou nem a Pirituba mais. Eu acho um engodo você ter que aparecer e se mostrar. Eu quero que me leiam. Eu não quero explicar o meu trabalho. Você acha normal ficar explicando? E também eu só sei falar a minha língua. Leio muito bem em francês, mas não saberia falar em outra língua as coisas que eu falo em português. Ir lá para quê? Paris era bom quando eu fodia, com vinte anos.

CULT – Você continua escrevendo?

H.H. – Não. O que eu escrevi é tão bonito… Eu leio e fico besta. Como é possível eu ter feito uma coisa tão deslumbrante e ninguém compreender? Chega uma hora, quando você vai envelhecendo, vai dando um desapego, você não se importa mais com nada. Nem com a fama. Eu fico lembrando a passagem da Odisséia em que Ulisses está na gruta e o ciclope pergunta “Quem é?”. E ele responde “Ninguém, meu nome é Ninguém”. É assim que eu me sinto: ninguém, ninguém. Um astrólogo amigo meu disse que em outra vida eu fui uma puta. Por isso que nessa vida eu fiquei obscura, porque na outra eu fui muito conceituada enquanto puta (risos).

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Quarta de cinzas

Carnaval não precisa ter bloco, né. Nem festa, nem micareta, nem gente suada e bêbada. Carnaval precisa só das pessoas certas pra dar certo. E de nós mesmos, claro.

Nos últimos quatro dias eu estava em uma Ilha, cercada de água fresca e sem nenhum contato com o universo que não fosse o meu amor e mais um casal de amigos. Uma ilha com praias lindas, e mesmo não sendo possível visitar todas elas, foi acolhedora e energizante.

Eu estava em um povoado de pescadores evangélicos que resolveram fazer um carnaval gospel. Fiz uma trilha de duas horas pra ir e duas pra voltar em um calor escaldante, que torceu meu joelho e quase me matou de cansaço. Tive que lidar com uma amiga reclamona que eu amo demais, mas que até brigou comigo porque eu não topei ir a mais lugares e fazer mais passeios. Enfrentei com paciência a necessidade de rotina do meu amor, que tinha que tocar viola todos os dias, e eu aproveitava pra dormir ao som de Bach. Fiz inúmeras viagens meio desconfortáveis em barcos lotados. E, pra piorar, estou mais que falida.

Eu olho pra todas essas coisas com uma alegria tão grande pela minha capacidade de rir de mim mesma, de me refugiar no meu mundo quando o tempo não está tão favorável para aproveitar os bons momentos... Pra mim, meu carnaval foi de beijos, risadas, muita água, mar esmeralda e uma sensação contínua de estar no Caribe. Mesmo ao som de um carnaval gospel.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Bonsenso

Ficou feia essa palavra, né? Bonsenso. Mas enfim, vamos lá.

A cena abaixo acontece comigo pelo menos umas duas vezes por semana.

Eu, trabalhando. Barulho de teclado enlouquecido. Chega uma pessoa qualquer:

- Oi, Vi.
- Oi
- Você tá brava?
- Não
- Nossa, tá com cara de brava
- Não tô brava não, tô ocupada.

Às vezes eu falo que tô ocupada pra pessoa se ligar, às vezes não porque eu não tenho saco de falar isso sempre.

Gente, mas vamos lá. Supondo que eu estivesse brava. O fato dessa pessoa (não é uma única pessoa, são algumas pessoas, mais do que eu gostaria) chegar e perguntar se eu estou brava não me deixaria teoricamente mais brava?

Como eu não estou brava, só ocupada, o fato dessa pessoa me perguntar se estou brava muitas vezes me deixa brava, porque a pessoa corta meu raciocínio pra fazer uma pergunta idiota e sem resposta.

OU SEJA.

Bonsenso, né, gente?

O mais incrível é que quando eu tô no Twitter, lendo e-mail, no facebook, vendo notícias fúteis ou simplesmente moscando essas pessoas nunca vêm. É tipo mosca no mel, né, gente, eu atraio idiotas, só pode.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Penélope

O Lars Von Trier estuda fazer um filme chamado Melancolia <3.

O filme terá como tema o planeta Melancolia, que se aproxima da Terra <3

A atriz principal será Penélope Cruz <3

E, como diria meu amigo Mike, eu estou muito curiosa pra Von Trier fazer com ela muito mais do que fez com a Charlotte Gainsbourg, que nunca esteve tão incrível em Anticristo.

Penélope chegou no seu auge de beleza, mas ainda falta esse estímulo pra ser a melhor atriz que pode ser. Eu realmente acredito nela.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Comunicando sem comunicar

Durante um tempo, muito tempo até, eu quis muito voltar a trabalhar em redação. Era um sonho, e eu passei por todas as fases - a da esperança, a da dor por não conseguir, a revolta por não ser indicada pra nada, o alívio de fazer alguns frilas. Acho que todas as fases do luto de não conseguir, se é que existe esse luto.

Hoje eu atendi o telefone de manhã bem cedo. Era um jornalista trainee de uma grande editora, me passando uma pauta que seria capa de uma das revistas mais legais da área de economia/negócios. O menino não conseguia nem explicar direito o que era a pauta, ele não tinha ideia do que estava fazendo, não conhecia o mercado para o qual iria escrever a matéria e eu tive que ajudá-lo a estruturar o pensamento. Quer dizer.

Este ano eu comecei com o firme propósito de não tentar voltar pra redação, nem sequer querer. No fundo, tinha aquela vontadezinha que tava sumindo aos poucos. Mas hoje, depois desse telefonema, eu coloquei o restinho de poeira que restava dessa vontade dentro da pá e joguei no lixo. Confesso que fiquei decepcionada com o rumo que as coisas estão tomando.

O engraçado é que, pelo menos nas assessorias, a reclamação é geral. Muita gente mal-preparada, muito texto ruim, muitas perguntas fracas, entrevistas ruins. E do lado de lá, entre os amigos que trabalham em redação, sempre há reclamações de assessores burros, com release medíocres que viram piada depois e que vendem pautas péssimas.

Ou seja, a decepção mesmo é com o segmento em geral, não só com uma parte dele. Uma pena, né?

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Êta vida difícil (ou até 20 de fevereiro)

E aí que eu começo a acreditar em inferno astral. Porque não tem outra explicação para o chão se abrir de repente e você achar tudo chato, feio, ruim. Não tem.

E eu devia estar na melhor vibe do mundo, porque estou vivendo uma época incrível, estou feliz com meus hormônios, eles estão felizes comigo, e o chão se abriu de uma forma esse mês que, nossa. Foi um abismão mesmo.

E a pior sensação desse abismo é como se eu estivesse em um filme do Bergman, uma solidão com gente, parece que tá todo mundo falando holandês e eu aqui, no português sofrido, cantando fados e poesias. E o resto falando de Big Brother e Lost.

Nada contra quem fala de Big Brother e Lost. Mas a minha dor, né.

Bom, deixa eu curtir a minha dor. Até porque eu tenho um samba pra escrever, um gato pra adotar e todos os fados e tangos que preciso aprender ainda.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

sutilezas da vida

Tomar uns chopinhos com a Giovana, que eu não via há tanto tempo!

Dar risadas com a Denise e ver como ela tá tão linda de barrigão.

Fazer compras em um bazarzinho delicioso com a Rita.

E tudo isso em menos de uma semana!
Eu ainda me impressiono com a capacidade que os amigos têm de deixar a gente feliz.

É pra essas sutilezas que eu vivo, juro.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

De novo, a vida

E aí que tem dias que a gente acorda e tudo parece meio virado. Toda vez que eu vejo o vento assim, do jeito que ele tem andado, dá uma sensação ruim. Como se eu fosse a Ana Terra, personagem que eu amo do Érico Veríssimo. Ela é que falava do vento estranho que traz lágrimas de longe.

Bom, e hoje é um desses dias. Uma pessoa que eu amo muito está triste e eu estou também. E eu não consigo evitar a vontade de ir até ela, pegar no colo, chorar junto e dizer pra ela o quanto eu quero que ela fique bem.

Mas ela tá longe e eu não posso fazer isso. Mas mando um beijo pra ela, porque eu sei que ela sabe senti-lo como ninguém.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Como não amar?

Ontem à noite, cheia de mimos:

- Meu amor, não sei o que seria de mim sem você. Se eu não te conhecesse, eu seria uma pessoa bem mais triste.

- Mais triste eu não sei, mas bem louca com certeza.

<3

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Ai

E eu acabei de ler o post abaixo e meus olhos encheram de água.

Tinha que ser assim?

Tirando a poeira

Tadinho do blog, ficou abandonadinho. Confesso que senti saudade, mas só um pouco, porque as férias tavam tão boas, mas tão boas. Só que acabou. E hoje é o primeiro dia de volta ao trabalho. E eu tô meio perdida ainda.

Eu queria só saber que tipo de espírito maligno incute idéias na cabeça da gente como morar em Mendoza. Eu, trabalhando meio período, fazendo a siesta e estudando meio período. Ele, tocando em uma orquestra super legal. Nós dois perto da montanha, tomando banho de rio, morando numa cidade lindinha com uma casa lindinha, como são todas as casas de Mendoza.

Ou então morarmos em Buenos Aires. Ele, tocando tango e estudando sociologia. Eu, ensinando periodismo económico e escrevendo em algum jornal por lá. Vivendo simples, numa cidade linda, cheia de belezas e "velhezas". Amando.

E aí acabam as férias e a gente percebe que, nossa, como se sonha no planeta Terra, né.