quarta-feira, 17 de março de 2010

Machismo

Venho de uma família de grandes mulheres. Mulheres que trabalharam, que sustentaram casa, mulheres que nunca ficaram sob o jugo do marido. Minha bisavó, avó do meu pai, ficou viúva e se viu sozinha aos 16 anos com uma filha nos braços e uma máquina de costura como patrimônio. Trabalhou e conquistou seu espaço.

Minha avó materna sustentava a casa, trabalhava muito, não sabe cozinhar, se casou aos 30 anos com um homem divorciado. Teve namorados antes dele. Viajou para curtir carnaval na juventude. Nunca foi mulherzinha, apesar de ter sido submissa ao marido, como muitas de sua época.

Minha mãe resolveu continuar estudando mesmo depois dos 4 filhos. Compartilhava das contas da casa, é antenada, usa redes sociais, namora um cara mais novo e faz o que quer.

Com exemplos tão lindos eu não podia pensar diferente do que penso hoje. Por isso eu fico triste quando vejo o machismo que ainda rola solto por aí: machismo no pensamento e comportamento de homens e mulheres. Muitas estão sob a sola do sapato e das vontades de maridos e namorados. É uma pena.

Não é queimar sutiã. É só ir tomar um chopp com os amigos sem pensar que o namorado vai ficar com ciúme. É só poder escolher o que quer fazer hoje, mesmo que o homem não queira. É não precisar assistir jogo de futebol de um time para o qual você não torce. É não ter responsabilidade de cuidar de filhos que não são seus. É poder viajar sozinha, sem ter o tipo de cobrança 'onde-você-está-que-voz-de-homem-é-essa".

Esses são exemplos reais. De mulheres e meninas que acabam perdendo as próprias personalidades. Já aconteceu comigo, e eu perdi muito. Perdi a oportunidade de me conhecer, de viver coisas legais, de compartilhar alegrias. Muitas dessas mulheres com pensamentos machistas, quando perdem o namorado ou marido, perdem o chão. Sofrem porque não se conhecem mais, porque se veem sem amigos, porque a vida social inteira era em torno de uma coisa falsa, imposta, obrigatória.

Enfim, é foda. Eu vejo todo dia um exemplo disso e fico pensando se alguma coisa realmente mudou nos últimos 50 anos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário