terça-feira, 29 de março de 2011

bala

no fundo, eu acho que ser feliz estraga um pouco a poesia da gente

sexta-feira, 25 de março de 2011

essa noite eu tive muitos sonhos coloridos

sonhos de um mar-tsunami azul azul com ondas engolidoras
nadei bastante até de noite e depois fui embora querendo levar uma onda pra casa, foi o que eu disse

não levei

levo um coração tristíssimo que não perde essa mania boba de ser feliz

(me deixa, estou lendo um livro sobre poetas)

quarta-feira, 23 de março de 2011

currículo

eu já quis ser mãe
desenho com casinha, estrada e sol
quis ser piloto de avião, caminhoneira, pedestre
e uma escola que nem existe mais

hoje sou amor e letras
um pouco de estudo de coisas chatas
outro pouco de coisas mais legais
hoje sou amiga, poeta, cantora e brava no telefone

amanhã eu sou algo que não sei
porque ainda não tenho certeza
é futuro, uai

segunda-feira, 21 de março de 2011

bicicleta

foi assim: eu fiquei nervosa e triste. que saco que é ter as suas melancolias e pra piorar estar sem dinheiro. aí eu queria fugir de casa, fugir da minha vida, como faço todas as vezes. semi-fugi: peguei a bicicleta e dei uma volta pelo bairro. descobri ruas novas e um castelo abandonado. descobri meandros da cidade que são como os meandros da minha mente: desconhecidos e sozinhos. era uma parte da cidade que não tinha carros, não tinha gente, uma pequena zona rural no meio da metrópole. sentei, chorei um pouco, percebi que de vez em quando era preciso visitar a casa da roça pra tirar as teias.

voltei revigorada com o vento no rosto e as coxas doendo.

sexta-feira, 18 de março de 2011

brindes

Você devia ver como eu fico quando ganho um brinde. Desde os bichinhos do Mc Donalds até as tralhas que muito jornalista ganha de assessoria, eu fico feliz com tudo. Dou gritinhos de alegria a cada novo brinde, consigo achar um novo aspecto pra uma caneta ou um bloco.*

Aí foi assim:
- Hoje eu recebi uma caixa em formato de baú.
- Antes de abrir eu já fiz um escândalo, o que atraiu a atenção dos colegas em volta.
- Ao abrir a caixa, vi que tinham várias moedas de chocolate, daquelas da Pan. Morri que tinham MOEDAS num BAÚ. (vá ao verbete TESOURO)
- Continuei abrindo e vi que tinha um pendrive em formato de carro. Eu já achei o máximo quando achei que o carro era um imã de geladeira, quando vi que era um pendrive eu quase infartei.
- Pra completar a alegria, tinha um RELÓGIO DE SOL. Eu não tenho nem relógio e nem sol, Brasil, mas um relógio de sol com uma bússola (é muita emoção saber sempre onde estão os pontos cardeais) foram demais pra mim.
- Depois disso eu comecei a dar pulos até com os isopores em formato de cheetos que tinham dentro do baú.

Resultado: Tenho um tesouro em forma de chocolate, um relógio de sol e um pendrive/carro. E vários cheetos de isopor bonitinhos que eu não tenho coragem de jogar fora.

FELICIDADE EM FORMA DE BRINDES.





* só não gosto de folder. Não tem como gostar de folder.

segunda-feira, 14 de março de 2011

calculadora

Tanta coisa pra ser dita, mas nem funciona mais.
Hoje o dia é branco, é barro molhado, é melancolia e leite frio. Hoje o dia é dois de tão dia (chega logo, noite). Hoje o dia é você. Os dias são sempre você quando não são eu, já reparou? (it's all about us).

eu tô com vontade de inverno, e olha que eu nunca senti isso. e quando você me disse que eu tô triste há mais de um ano, eu fiz as contas e percebi: amor, vamos embora logo que o meu nada tá acabando.

ele

ele agora escreve e, meu Deus, quanto amor

http://casapo.blogspot.com

quinta-feira, 10 de março de 2011

googlelícia

Eu sempre olho a seção "estatísticas" desse blog com um puro interesse científico.

E me choca a quantidade de pessoas que são direcionadas ao post "Eu sou magra", que não vou linkar aqui. São pessoas que digitam "sou magra e normal" ou "sou magra e feliz" ou "quero ser magra" no Google e burramente são direcionadas pra cá.

É muita gente, sério. Divido em duas categorias: pessoas que precisam do aval da internet para ver beleza nelas mesmas e pessoas que querem ser magras e acham que a internet vai dar todas as respostas. Duas categorias de gente que acha que felicidade se conta em quilos.

3 dicas: andem, trepem, encontrem os amigos

Terças e sábados

Eu preciso ter muito cuidado com o que escrevo aqui. E espero que as pessoas entendam que é pessoal. E que eu não sei escrever nada nesse blog que não seja pessoal ou autobiográfico ou algo que o valha.

O importante é dizer que existe alguém com alma aqui. Alguém que faz coisas erradas, dá mancadas, magoa pessoas. Alguém que tem celulite e nem sempre combina as roupas certas. Pão-dura, inflamável, impulsiva, ciumenta. Uma pessoa que não entende muito bem as fraquezas dos outros e que, infelizmente, não consegue enxergar as suas próprias.

Uma pessoa tão indecisa que comprou dois vestidos de noiva. E tão decidida que avisou a todos os convidados que o casamento seria em uma quarta, mesmo sem conferir com o cartório. (Que acabou de ressaltar que, casamentos, só às terças e sábados)

quarta-feira, 2 de março de 2011

esperando o inverno

Às vezes eu esqueço o porquê de ter gostado tanto de São Paulo quando me mudei pra cá. Mas eu só esqueço no verão, porque quando chega o inverno eu me lembro.

Foi assim: no meu primeiro inverno, eu estava apaixonada e não tinha a menor ideia do que era um inverno. Eu tinha pouco dinheiro e nenhuma blusa de frio. Comia miojo quando chegava em casa ou então ia para algum bar fazer o milagre da multiplicação das cervejas. Era bom e eu tinha poucas preocupações porque tinha poucas coisas.

Mal posso esperar o inverno de 2011, se é que ele vai vir. É no inverno que São Paulo se revela mais. As pessoas ficam mais sozinhas, tudo fica mais cinza e triste, as ruas ficam mais vazias, as imagens mais nítidas. Há sopa em todos os cantos. Há café e vinho, há toda uma cultura do recolhimento.

Eu odeio o frio. Odeio inverno. Mas gosto do inverno aqui porque ele exacerba tudo o que São Paulo tem de autêntico e de seu. E eu sempre, sempre, tenho a mesma sensação do primeiro inverno: pobre, apaixonado e milagreiro.


* é no inverno que as mulheres ficam mais elegantes, já dizia um velho não tão sábio.

terça-feira, 1 de março de 2011

2011 e o Imposto de Renda

Dessa vez ela chegou bem rápido. Nem sei se vai demorar pra passar, porque afinal de contas as coisas em volta não ajudam.

Eu já sabia que o ano ia ser uma bosta mas não sabia que ele ia se revelar ENQUANTO ANO BOSTA tão rápido. Odeio esses anos ímpares. Pra mim, são anos em que se trabalha muito e se vê muito pouco do resultado do trabalho. Aí os anos pares são aquela beleza, né. Só recompensa. Pelo menos pra mim. Eu criei aquele ranço dos anos ímpares porque sei que são anos difíceis, em que eu vou reclamar, sofrer, cansar. No final passou o ano e eu lá acariciando a depressão. Tô super acariciando. Pra ter uma ideia, eu quero ir pra casa fazer o meu imposto de renda. Ano passado eu queria ir pro bar. Tenho convite pro bar e me obrigo a ir, e sei que no final vai ser bom, mas né. O imposto de renda me esperando em casa. E eu ansiosa pra saber se, afinal, tem ou não tem restituição.

* Caralho. Eu tô na semana do meu aniversário, é uma semana que eu adoro. E eu tô aqui morrendo, me afogando no vômito da autocomiseração. Que ridículo.