quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Do passado

E daí que eu fui a uma festa lá no interior de Minas. Onde cresci. Foi um achado, uma festa com bandas boas, num lugar ao ar livre mas com abrigo pra chuva, amigos que não via há tempos. Gente que foi da minha sala na quarta série. Viraram médicos, donas de casa com filhos, viraram funcionários públicos, viraram várias coisas. Engraçado vc ver a infância crescida. Mas enfim, o legal mesmo foi ver o que essas pessoas achavam de mim. Tipo:

- Nossa, Vívian, a imagem que eu guardo de você é a de uma pessoa extremamente agitada.

- Como você era doida, né. Meu Deus, era doida demais.

E eu lá, né. Eu sabia que era meio doida mesmo, mas a imagem que as pessoas de mim era de tri-doida. Impressionante. Foi bom eles terem me visto, que eu virei gente, que tenho um trabalho, responsabilidades, tudo o mais. Foi divertido até, porque todo mundo me via e fazia uma cara de "oh, meu Deus, olha quem tá aqui". Eu de cabelo curtinho e uma roupa totalmente nada a ver, All Star e jeans, uma camiseta do Abaporu estilizado. O povo de salto no meio da lama, vestidos curtos tomara que caia. Chuva, chuva, chuva. Parecia um sonho.

* Mas aí eu comecei a passar mal de fome e fui embora.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

conversas furtadas

Ouvido em uma cidade bem parecida com Dogville.

"- Minha filha tá ficando com um cara super legal. Ele tá passando férias nos EUA.
- É mesmo?
- É, pra vc ver o nível do rapaz. Mas é um cara assim, super simples, sabe"

"- Eu preciso dar um presente pra ele.
- Dá um livro.
- Mas um livro custa R$ 40. Não vou dar um presente de R$ 40"

"Depois dos 30 anos, você não consegue uma mulher sem pagar. Não digo prostituição, mas tem que pagar um restaurante caro, um motel, uma viagem, um presente. Você paga indiretamente. Ou acha que ela vai ficar com você porque tem pegada?"


EU JURO QUE OUVI ISSO. TENHO TESTEMUNHAS.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

antes que o ano acabe

eu queria falar o quanto eu queria morar numa casa. Com quintal, pra que eu possa ter um cachorro e um gato que sejam amigos. Eu queria também um banco de madeira que seja comprido o suficiente para que eu possa deitar nele, ao sol, com as pernas dobradas. Um varal daqueles feitos de corda. Mais espaço para os livros e as visitas. Eu queria mas não vou morrer se não tiver. Nem ficar triste. Vou continuar querendo mil coisas durante o ano de 2011 e a maioria esmagadora delas eu não vou ter. Ainda bem.

XXX

Num mundo imaginário, as pessoas se relacionam movidas a paixões avassaladoras, eternas e cheias de romantismo. Como as novelas. Eu nunca vou esquecer quando a mulher do meu primo disse a ele que ele não era romântico como os mocinhos das novelas. Juro. Já no meu mundo, eu me relaciono com uma pessoa a quem admiro, acima de tudo, moral e intelectualmente. Nos achamos bonitos e temos química. Somos livres e temos nossas individualidades intacta. Nosso gosto cultural combina em alguns pontos e acreditamos numa coisa: o fato de que estamos juntos até hoje por sermos extremamente racionais sobre o nosso relacionamento e nosso futuro.

XXX

Talvez eu volte pra escrever mais.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

que coisa

O ano de 2010 foi uma choradeira só nesse blog e, a julgar pelo conteúdo dos posts, parece até que foi terrível. Não foi. Esse finalzinho é que foi bem triste porque eu perdi uma das pessoas mais incríveis que já conheci. Mas fazendo um balanço muito racional, esse ano está entre os melhores da minha vida.

Eu saí do Brasil pela primeira vez, em uma viagem maravilhosa com o meu amor. Depois viajei de novo, passei um mês na Inglaterra fazendo uma das coisas que mais adoro na vida, que é estudar, e me divertindo de verdade. Consegui terminar a minha pós e, se Deus quiser, dou o ponto final na monografia até o dia 31 de dezembro. Consegui o emprego dos meus sonhos em uma virada tresloucada da sorte que até hoje eu não entendi. Fui pedida em casamento, aceitei e estou mais apaixonada que nunca. Consegui encontrar meus amigos nos momentos importantes. Menos do que eu queria, sempre, mas consegui. Fiz alguns planos bacanas, dei muitas risadas, chorei acima da média e cuidei bastante de mim.

Agradeço demais. Sério. Inclusive quem me leu durante o ano todo e ficou preocupadíssimo com essa minha patológica mania de escrever coisas tristes.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

então é Natal

Mas aqui, em São Paulo, com chuva, trânsito e todo aquele stress de falta de tempo X todos aqueles presentes pra comprar, confesso que não é bom.
Natal legal mesmo é um outro, feito de momentos.

Mas esse não tem como prever, então depois eu conto.

Ou não. Vai depender de como estiver São Paulo.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

um novo olhar

Eu nunca tinha perdido alguém da família. Ninguém tão próximo.
Essa semana o cara lá de cima pegou a minha vovó emprestada, do alto dos seus 93 anos, para continuar fazendo peraltices por lá. Foi uma partida serena, apesar de triste, apesar de doída. Senti falta dela desde o primeiro momento, mas acho que vou continuar com essa saudade pelo resto da vida.

Moramos juntas. Vivemos um monte de coisas juntas. Ela me fez ter um novo olhar pra vida, ela me ensinou muito sobre doação, sobre trabalho, independência, relacionamentos. Nossa, foi um turbilhão de ensinamentos, todos eles bons.

Aí ela se foi. Junto com um pedaço da minha infância e da minha adolescência, que eu acho que ela curtiu mais em mim. Ela me curtiu demais, foi aquela avó que todo mundo sonha ter. Tive sorte, de verdade.