Eu fico meio aliviada porque meio que já passei da idade de ser esquizofrênica. Mas às vezes eu continuo com um pouco de medo.
Porque eu não consigo me conformar com uma vida só, com as paixões de sempre, com a carreira que eu escolhi pra vida inteira e que, pra falar bem a verdade, estou pouco me lixando. Eu gostaria de ser entregadora de jornal, cantora de cabaré, massagista ayurvédica e professora de yoga na mesma vida. Com um milhão de interesses diversos, como é que um ser humano consegue ser o mesmo, sempre?
É muito sofrido. Ter que amar sempre as mesmas pessoas. Tem dias que eu não quero mais amar ninguém. Canso. Não é que eu tenha vontade de amar outras pessoas, é que eu não quero mais aquelas. Parece coisa de criança mimada, e provavelmente é. Mas é difícil lidar com isso. E, por incrível que pareça, eu não invejo a constância alheia. Tenho um pouco de desprezo, até. Pelo metódico, pelo planejado, pelo financiamento imobiliário de 20 anos. Isso é o que eu mais odeio em mim também, porque volta e meia vem o financiamento imobiliário de 20 anos na minha cabeça.
Sei que pode ser só um resquício de uma criação católica-aristocracia rural falida-classe média-pai comerciante-mãe professora. Provavelmente é. Mas olha, me incomoda horrores. Da mesma forma que me incomoda ter que escrever isso. Mas escrever é preciso, viver nem sempre é preciso.
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