Eu me agarro com unhas e dentes em uma expressão da minha mãe que diz. "A melhor fase da vida da mulher é aos 30 anos". Eu acreditei nisso e continuo acreditando, agora com aquela fé meio desesperada de quando você está no olho do furacão. Os 30 vieram com bons ganhos - estou feliz no meu casamento, aprendi a falar "marido" sem me sentir estranha, aceitei minhas celulites e acho que não estou tão mal assim para a idade. Beleza.
O lado ruim dos 30 é que qualquer movimento que você faz precisa ser cuidadosamente planejado. E com o tempo acho que vai ficar pior. Uma viagem, a decisão de como gastar o dinheirinho guardado, o sonho de fazer um mestrado, a doce melodia que toca internamente na sua cabeça te mandando ter um filho: tudo isso é sério, e grave, e me parece meio urgente. Qualquer passo que eu decidir dar vem com um peso terrível de uma coisa definitiva. Eu não tinha isso aos 20 e poucos. Há um tempinho atrás, já em SP, eu tinha absoluta certeza de que podia fazer tudo, que daria tempo, que eu podia pedir demissão, fazer um ano sabático, começar uma nova vida, que sempre haveria aquela brilhante luz no fim do túnel. Rolava uma confiança inacreditável.
Mas agora eu não tenho mais isso. Sobraram as celulites, o dinheirinho na conta, aquela maturidade irritante que eu sempre tive e que foi bastante agravada pela responsabilidade cega do meu marido. Veio a seriedade e a pressa de tomar uma decisão logo, antes que seja tarde e eu me torne uma frustrada.
Continuo, porém, indo aos bares da vida - ainda que menos - pra encontrar os amigos. Então bora tomar uma cerveja. A sensação de caretização tá foda.
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