quarta-feira, 22 de setembro de 2010

o problema era o cliente

Eu demorei tanto pra acreditar, e agora faz um mês e eu já tô me acostumando. Meio com raiva de ter me acostumado já, por mim quela sensção de incredulidade duraria pra sempre. Do mesmo jeito que ainda é um mistério o fato de ter conseguido, depois de ter esperado tanto, e ter conseguido assim, sem pedir, sem forçar. Aconteceu.

Os dedos doem de tanto digitar, o pescoço também de ficar meio torto entrevistando. Mas a alma tá limpíssima de não ter mais cliente. E olha que engraçado, só depois de sair é que eu soube que o que me incomodou nos últimos 5 anos foi o fato de ter cliente. Nada contra eles, o problema era o fato de saber. E de ter de me "portar". E de não poder falar ou fazer algo porque, afinal, o que o "cliente vai pensar"?

Eu não sabia, mas o problema era só esse.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Nem tadinha nem bad girl

Os estalos. Muitas vezes eles acontecem no chuveiro, mais do que eu gostaria. Mas, como diria um amigo, ideias acontecem no chuveiro e é preciso respeitá-las.

Outros, muitos estalos, acontecem depois de uma conversa com alguém. Ou depois de lembrar de uma pessoa e pensar um pouco nela. Mas sempre depois, bem depois. Os estalos são lentos e só me provam que eu não sou esperta em relação às pessoas. Sou lenta e não percebo o óbvio logo de cara.

Tudo isso pra contar o último estalo. Foi assim, um amigo me contou que tava namorando, disse "Tadinha, eu não estou apaixonado mas gosto dela". Tadinha. Eu tenho mania de chamar as pessoa de "tadinho", mas sei que não é legal. Eu não gostaria de ser chamada de tadinha, disse a ele. Ele também não. Ele prefere ser bad boy. E aí eu disse que não era bad girl também. Nem tadinha nem bad girl.

E aí depois, bem depois, eu fiquei pensando sobre o MEDO que a gente tem de ser loser, de ser tadinho, de ser digno de pena. Um orgulho monstruoso que nos faz querer, preferir ser maus a ser coitados. E toda a carga simbólica positiva que vem junto com a expressão bad boy. É pra se pensar, né. "prefiro foder os outro do que merecer algum tipo de pena". E o pior é que eu compactuo um pouco com esse pensamento. E sei que muita gente também.


* O tadinho também tem uma carga, né. Uma cultura judaico-cristã do sofrimento e da culpa. Tem quem curta, também. Que bom, né, rola uma diversidade.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Aprendendo com histórias

E aí que eu tenho essa conhecida.
Ela é uma fofa, todo mundo gosta dela. Pesa o fato dela ter vivido um relacionamento triste e frustrado, mas ela é legal mesmo.

E aí que ela tá cometendo os mesmos erros de antes. Ela comete publicamente. E o novo relacionamento dela tá se transformando no antigo. Eu sei que ela não consegue fazer diferente. Sei também que eu mesma me encaixo no perfil dela, e morro de medo de estar errando nas mesmas coisas.

E olha que incrível, talvez uma amiga minha esteja pensando o mesmo sobre mim. E preocupada sobre eu estar cometendo os mesmos erros.

Ou talvez não exist essa amiga e eu só estou inventando tudo.

Quem disse que é tão fácil?

e ele independeu mesmo

Mesmo com essa minha necessidade de controlar tudo (será que é medo?).
O mundo espertamente me enganou e independeu de mim. Mostrou que não vale a pena desistir de algo que já tava lá, pronto pra ser meu. E que, independente do que eu decida, quem dá as cartas mesmo é ele.

E eu, que pedi tanto por mudanças incríveis e inesperadas, fui incrivelmente surpreendida. Quem diria, a planejadora ansiosa e mandona foi pega de jeito.

E a partir de agora eu prometo tentar ser menos assim. Mas só tentar porque, pelo que me lembre, desde os seis anos eu fico assim. Maquinando.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

que bom que é assim

"O mundo independia de mim - esta era a confiança a que eu tinha chegado: o mundo independia de mim, e não estou entendendo o que estou dizendo, nunca! nunca mais compreenderei o que eu disser. Pois como poderia eu dizer sem que a palavra mentisse por mim? como poderei dizer senão timidamente assim: a vida se me é. A vida se me é, e eu não entendo o que digo"

Sempre ela, Clarice

terça-feira, 3 de agosto de 2010

errado

tudo parece errado. Com letra minúscula mesmo, aquele conjunto de erradinhos que vão sendo somados. Não, eles não viram um Erradão. Sua vida continua boa. Você tem amigos, um trabalho legal e um salário até que mais ou menos. Tem uma família bacana e roupas novas. Planos. Um amor. Mas tá tudo meio esquisito, e você já vinha sentindo aquele incômodo.

Na verdade mesmo, nunca parou de sentir, mas colocar este sentimento entre a reunião, o cinema, o twitter, a monografia e aquele monte de telefonemas que você recebe durante o dia é tão difícil. Aí você o coloca naquele cantinho mais obscuro que você não limpa muito. E não acessa tanto.

Não é de repente que ele aparece. Nem foi você que resolveu fazer uma faxina naquele cantinho. Não tem gota d'água nessa história, o errado simplesmente está lá, você sabe que ele está, ele sabe que você sabe e assim segue a vida com esses sabendos.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

É bom ficar sozinha

E poder chegar em casa sem se preocupar com nada. Comer qualquer coisa, botar os pés pra cima no sofá e assistir a uma porcaria na televisão. Nem arrumar a casa direito, afinal ninguém está vendo mesmo.

Sair com os amigos e tomar muito cuidado pra não beber muito e ficar dando trabalho. Ficar todo o tempo do mundo no banheiro ajeitando o cabelo e a sobrancelha. E pintar as unhas de cores esdrúxulas.

Mas tá bom, Vi, já pode voltar pra casa que eu tô morrendo de saudade, viu?