quarta-feira, 24 de novembro de 2010

eu queria um casamento assim

Eu vou me casar. Não tenho dinheiro e nem uma religião. Tenho uma família que amo muito e que tem expectativas sobre a primeira filha. Um namorado ateu e tímido. Amigos de que gosto muito e que gostaria que estivessem lá.

Não tem nenhum lá ainda. Casar, pelo menos por aqui, na babacolândia*, é um absurdo. Eu queria um casamento com comida simples, música boa e um vento quase frio. Um vestido que não seja de noiva mas que seja lindo. Um arranjo de cabeça. Algumas flores na mão, mesmo que colhidas por acaso. Fotos boas, mas não profissionais. Uma viagem legal de lua de mel.

Não quero igreja, nem banda, nem filmagem, nem alugar vestidos. Não faço questão de comilança, festança, dia de noiva, cabelos e maquiagem incríveis. No fundo, eu queria um casamento pé no chão, em todos os sentidos que isso possa ter.

O problema é que o casamento que eu quero não existe. Pelo menos não por aqui.




* é todo um conceito. Mas acho que dá pra entender. Pelo menos quem reconhece toda a cultura babacóide que nos cerca.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Eu odeio o dia dos namorados

Nem é Dia dos Namorados. Mas eu tava lendo um blog que não lia há quase um ano e dei de cara com um post escrito justamente no dia 12 de junho.

Dia, aliás, em que fui pedida em casamento este ano, mas eu gosto desse dia por isso e não por ser Dia dos Namorados (olha eu fugindo do assunto).

O Dia dos Namorados é horrível porque você se sente na obrigação de ser melosa, romântica e fazer fofurinhas mesmo quando está de TPM ou cansada ou qualquer outra coisa.

Você não pode ir a um restaurante que gosta, não pode nem escolher um vinho no supermercado. Vai estar trânsito, as lojas estarão insuportavelmente cheias e chatas. Você tem que encarar fila no motel, o que, pra mim, é um sinônimo de inferno na Terra.

No fundo, a parte de ganhar e dar presentes é a mais legal.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Mais uma coisa que eu descobri

Se alguém nunca reclama de nada, não é que não tenha problemas.

Talvez tenha problemas demais e não queira contar por vergonha.
Talvez tenha tão poucos problemas que acha que os outros têm mais.
Talvez tenha problemas médios e não queira incomodar ninguém.
Talvez não reclame porque acha que não ajuda a resolver os problemas.

Mas quando alguém que nunca reclama de nada começa a reclamar de alguma coisa, mesmo que seja uma só, e não encontra ouvidos?

Talvez seja a melhor explicação para nunca reclamar dos problemas.

Desculpa, Sartre

Não adianta a gente querer entender porque aquilo que incomoda é tão ruim.
Não adianta tentar mudar o outro ou ficar criticando tanto o porquê dele ser tão outro.


O importante mesmo é entender porque aquilo que incomoda incomoda tanto.


Porque o inferno não são os outros. O inferno é a gente.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Uma vida feliz. Que droga.

Olha que droga. Eu tão feliz conversando com pessoas e fazendo perguntas e ocupando tão bem o meu tempo sem dar um mínimo espaço pra melancolia. Reclamando sempre, mas reclamar é tão parte de tudo. De ser inconformado e querer a atenção das pessoas e tudo o mais. Sim, sou um ser humano complicado.

Mas o fato é que de repente você vê um nome. E volta toda a tristeza absurda de novo, e você que tinha certeza que todas as suas angústias eram culpa das escolhas erradas que fez. E não eram. (Você conseguiu voltar atrás nas escolhas e descobriu – ó vida, ó azar – que as angústias estão intocadas e gritam de fome todo dia).

Só porque você viu um nome e descobriu que podia ter tido outra vida que não a sua, e que provavelmente seria uma vida rasa e com angústias piores. E com toda a sua gula por angústias você não resiste à possibilidade de ter sido alguém mais infeliz. E ter tido uma vida que parecesse um roteiro de filme de arte belga. Mas que pena né, você é feliz e etc.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

eu sou magra

Ser magra é o sonho de 99% das mulheres. E o meu também, né, um dos sonhos.
O fato é que eu já sou magra. Não sou uma modelo, linda e sarada, mas sou magra. E isso me coloca numa categoria à parte. Não que eu seja odiada. Eu sou vigiada. Sou monitorada o tempo todo, acredite se quiser. Tem coisas que não posso falar, tem roupas que só uso porque sou magra, as pessoas me classificm como "magra" e tudo gira em torno disso.

É um saco.

Funciona assim:
"Vívian, vamos almoçar?"
"Ah, eu vou daqui a pouco, ainda estou sem fome."
"SEM FOME? Aí, tá vendo, é por isso que ela é magra"

"Vívian, vamos almoçar?"
"Ah, obrigada, eu já fui porque fiquei com fome cedo"
"Aí, ela come cedo, por isso é magra"

"O que você quer comer hoje, Vívian?"
"Hambúrguer"
"Ah, vc pode, é magra, não entendo como você consegue"

"O que você quer comer hoje, Vívian?"
"Salada"
"Ai, que ótimo, por isso você é magra, fica bem comendo só uma saladinha"

OU

"Estou louca pela calça/saia/vestido XPTO"
"Isso porque vc é magra, pode usar"

É um rótulo. Dá raiva, porque além de magra, eu sou pisciana, sou jornalista, sou chata, tenho TPM, sou instável, carente, boba, preocupada, pós-graduanda, planejo um casamento, reebo seguro-desemprego e quero clarear os dentes.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Ela chegou de novo

Aquela tristezinha. Companheira de sempre.
Não sei se ela vem da incerteza. Talvez. Mas é um incerteza boa, de não ter a menor ideia do que vai acontecer e ao mesmo tempo, olha que legal, a incerteza que eu sempre amei.

Sinto falta dos amigos, das coisas que eu não vivi, arrependimento de não ter feito mais coisas. E ao mesmo tempo alegria por twer topado várias.

Que droga, quando essa dor vem assim é tão bom. E eu sinto falta de muita gente. Gente que nunca mais.