Ele tava do meu lado no ônibus.
Levantou o braço e tudo o que se esperava era que viesse um cheiro nada bom.
(Há uns minutos, alguém teve um acesso de tosse e de repente os rostos ficaram tensos. Há mais minutos ainda, eu disse que não tinha medo dessa nova gripe. O que eu nem sei se é verdade.)
Mas veio um cheiro de Sundown. E eu pensei o que será que um cara andando de ônibus na Avenida Doutor Arnaldo pode querer se uma sexta-feira usando Sundown?
O cheiro me lembrou praia. Algo da minha infância, depois dos dez anos, quando as mães começaram a saber que filtro solar era importante.
E de repente eu sorri. Não pra ele, porque aqui em São Paulo é meio difícil sorrir para as pessoas sem que elas achem que você as está paquerando ou é louca. O sorriso foi dirigido ao nada, talvez ao chão, talvez à porta do ônibus. O que não me torna menos louca.
Mas sorri. E de repente o ar deixou de ser pesado.
E eu fiquei feliz de ter descoberto dois novos ônibus em tão curto espaço de tempo.
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