segunda-feira, 30 de maio de 2011

o jornalismo e as pessoas normais

Há algum tempo eu já desconfiava que a relação dos jornalistas com o jornalismo era algo muito próximo à masturbação. E isso inclui os assessores de imprensa, relações públicas e todos os operários da notícia.

Eu vejo tantas séries sobre a importância do jornalismo, entrevistas com jornalistas 'consagrados', debates sobre o futuro do jornalismo. E realmente me pergunto se alguém, além dos jornalistas, se importa. Porque, se as pessoas normais não sabem definir o que faz um assessor de imprensa ou um relações públicas, se a maioria delas não tem ideia de como é feita uma matéria, imagina se elas vão ter interesse no futuro do jornalismo diante da evolução das novas plataformas digitais. Até eu fico com sono só de ler isso (apesar de reconhecer a importância e etc).

O que eu sei das pessoas normais é que elas não leem tanto quanto parece, elas trocam fotos no facebook, querem saber de futebol e celebridades. Querem a previsão do tempo para o fim de semana e se o dólar vai fazer as férias ficarem mais baratas. É isso. Elas podem até achar (e acham) que os jornalistas sabem muito e que tudo aquilo que está escrito (falado, televisionado) saiu da cabeça deles. Mas não importa. Elas não sabem e nem querem saber o nome de quem assina a matéria da qual gostaram. Não se importam se a pauta X foi sugerida pelo assessor Y ou se fez parte da estratégia de um RP para a empresa Z. Elas simplesmente não se interessam. Quem faz isso, achando que uma entrevista, um debate, um chat ou uma série sobre o "fazer jornalístico" são algo de interesse público, somos nós, os jornalistas.

Nós e nossos egos enormes, nosso clubinho seleto do qual sabemos o nome dos integrantes que fazem parte dos grandes veículos/empresas/assessorias, nossas carteiras vazias e bocas cheias para falar nome e sobrenome corporativo. Nós e nosso inconfessável medo de que as novas plataformas digitais nos engulam e revelem ao mundo todo que somos normais, como todos. A única diferença é que a nossa masturbação preferida é outra.

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