sexta-feira, 13 de maio de 2011

três mil e quinhentas pessoas

Três mil e quinhentas pessoas fizeram um abaixo-assinado para impedir que o seu feudo, o bairro de Higienópolis, ganhasse uma estação de metrô, o meio de transporte mais rápido, fácil e democrático dessas paragens.

São três mil e quinhentos que, provavelmente ricos e bem-nascidos, estudaram nas melhores escolas, falam inglês fluentemente e usaram bastante os metrôs de Londres, Paris ou Nova York. Três mil e quinhentos que concentram boa parte do PIB da cidade, e que não se importam que suas empregadas domésticas tomem três ônibus por dia, contanto que cheguem na hora. Eles têm carro, e andam a pé pelo bairro, que delícia tomar café da manhã na padaria de luxo e frequentar aquele shopping que tem lojas tão caras que já excluem a maior parte da cidade.

São os mesmos três mil e quinhentos cujos amigos, ali no Clube Pinheiros, proibiram as babás de não usar uniforme, afinal, elas precisam ser identificadas como serviçais. Os mesmos que dominam uma das maiores universidades do país, onde também não se pode ter metrô, porque veja bem, vai entrar "gente de fora" na USP. Não pode.

Provavelmente em Higienópolis mesmo há muito mais de três mil e quinhentos que pensam diferente, só não sei se eles têm força o suficiente para fazer com que o público se curve ao privado. Se bem que essa é que é a regra, né. Surpreendente seria se tivéssemos estações de metrô em Parelheiros, Jardim Pantanal e no Tremembé.

2 comentários:

  1. E o mais legal é que em Paris, Londres ou Nova York eles acham super cool andar de metrô! Talvez seja meio exótico, algo para contar para os netos futuramente. "Na minha juventude eu me aventurei pelas ruas de Paris com uma ideia na cabeça e um mochilão nas costas. Eram tempos de rebeldia, até transporte público a gente usava!"

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  2. Ocorre, caros senhores, que provavelmente daqui a alguns trinta ou mais anos que se passarão, oportunamente, poderei contar ao povo, a minha horripilante estória, de ter sido obrigado a viver no 'GUETO' de Higienópolis, e lhes dizer de todas as desventuras as quais fui obrigado a viver no "gueto". Pensando dessa maneira soberba e altamente simpática, espero haver dado uma explicação do motivo pelo qual não temos necescidade de metrÔ.

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