quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Um vestido preto

Fui lá comprar. Não sei porquê, mas eu não tinha um vestido preto, desses que se pode usar para trabalhar e, sei lá, se quiser sair depois. Um vestido preto, gente.

Eu queria entrar e sair meio despercebida da loja. Entrei mesmo porque vi uma plaquinha de promoção, e com promoção nunca se sabe, né.

Uma mulher me atendeu com cara de dona da loja. Disse que a coleção estava linda e perguntou se eu já conhecia a marca. Como sempre, eu não estava a fim de papo. Fui educada mas meio monossilábica. Escolhi o vestido que queria e já fui me esgueirando para o provador.

Ela praticamente se enfiou na minha frente para ver que eu estava levando um vestido e queria me empurrar mais uns quinze. Disse que não estava procurando nada, só queria aquele vestido para trabalhar. Chamando uma das vendedoras, ela disse: traz TODOS os vestidos para trabalhar que você achar.

Enquanto eu estava me vestindo, ela me deu mais um monte de coisa, e um cinto para ornar com o tal vestido. Disse que meu corpo era bonito e que eu devia aproveitar. Ficou bonito o vestido, decidi levar. Mas não o cinto, e nem experimentei as outras coisas.

No caixa, ela quis fazer um cadastro. Perguntou se eu trabalhava com cheque. Disse que eu ganhava 10% de desconto no meu aniversário, e se comprasse mais de R$ 200, ganharia um brinde especial. Um inferno.

Não sei onde fica a Academia Internacional de Vendedores Bajuladores e não faço ideia do motivo pelo qual ensinam que o combo elogio + promoção + subserviência funciona. Não pra mim. Não consigo ter uma faxineira porque me incomodo com os outros me servindo, imagina isso.

Na hora de sair, jurei que nunca mais voltava lá. Tive vontade de dizer isso, mas fiquei com medo que ela me jogasse uma caixa de lenços palestinos grátis para "fidelizar a cliente". Melhor não.

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