Lá estava ele, sentado no metrô. Calça de moletom furada, faltando os dois dentes da frente. Uma camiseta velha. E, do lado, a filhinha que devia ter um ano. Linda, de fralda, roupa escrito "Princesa" com glitter, um sorriso ainda com todos os dentes que são possíveis. Fazendo o maior sucesso com toda a sua simpatia. Nesse dia, eu juro que vi o olho triste dele contrastando com a alegria dela. Não tinha motivo nenhum, mas saí com o coração partido.
O moço estava vendendo camisetas no shopping, tanta gente, tanta tanta gente, só ele para atender. Uma barraquinha com camisetas num ponto tão bom, meu Deus, será que esse moço teve tempo de almoçar? Olha a mão dele ali tremendo. E fazer o que se não almoçou? Deixar a barraca sendo invadida por hipsters tão consumistas quanto o resto das pessoas, mas que compram camisetas com desenho de bicicletas vintage que nunca terão? Dei uma barrinha pra ele. Ele ficou me olhando com cara de Q e eu saí correndo com vergonha.
Uma menina do Couchsurfing me mandou um email falando que o cara que hospedou ela não a tratou tão bem assim, ai meu Deus coitada da menina, vem pra minha casa, eu faço um cafezinho e tento mostrar que SP tem gente legal também, mesmo que sejam só os mineiros.
O moço me pediu um dinheiro na porta do supermercado já faz meses, eu não tinha, ele me disse, "Minha filha, eu vou sair dessa. Logo eu que já estive tão bem..." - e saiu com a voz embargada. Nunca mais esqueci dele.
Preciso de uma dose de durepox no coração, senão viro água antes das Olimpíadas.
Caraca véi...profundidade em 5 parágrafos como eu não lia fazia um tempão!
ResponderExcluirQue legal! :-)
ExcluirObrigada!