quinta-feira, 22 de maio de 2014

Existencialismo de primeira página

Eu estou lendo Sartre, "A Náusea". Confesso que comecei a ler porque achei chique ler Sartre - e porque li "A Idade da Razão" há um tempo e gostei. Bom, o fato é que estou lendo e gostando muito.

Aí fui falar pro Victor, que é acadêmico, cabeção e tal, sobre o livro. Li uma frase lá que achei de impacto e comecei a explicar o livro, tentando definir de alguma forma o existencialismo que ele coloca no livro, através do personagem. Falhei. Falhei vergonhosamente, horrivelmente. Falhei de forma humilhante e dolorida. Não consegui explicar o conceito e só consegui descrever umas cenas lá em que ele dá uma canivetada na mão.

Essa falha foi tão ridícula que me fez lembrar de algumas coisas:

- 2002, faculdade de Comunicação, aula de semiótica. Fui a última da turma a entender "que porra é essa que esse cara tá falando". Sério, levei dois meses para começar a juntar uma palavra com a outra e formar uma ideia. Falhei vergonhosamente (mas passei na matéria, rs)

- 2014, USP, numa matéria equivocada que resolvi acompanhar como ouvinte. Tive que ler textos com conceitos aleatoriamente abstratos, sofri por não entender nada, escondi isso de toda a turma, mas na hora de propor um projeto de pesquisa pra fessora como trabalho final, falhei miseravelmente. Ela falou que aquilo não tinha nada a ver com a matéria e eu nunca mais voltei pra aula.

O que me leva a: não consigo entender conceitos abstratos, gente. De alguma forma eu consigo sentir e experimentar, acho até bonito quando leio. Mas não consigo entender. Sequer explicar pra alguém. Sou jornalista e penso em fatos, acontecimentos. Sei contar histórias. Sei reproduzir falas.

Digamos que eu sou um papagaio de luxo. Ou talvez nem isso, né. Quanto custa um papagaio?

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