segunda-feira, 27 de junho de 2011

A difícil arte de se ter tempo

É um mantra. Todo mundo reclama por não ter tempo. Minha mãe, que já se aposentou, reclama que nunca tem tempo pra visitar os outros filhos, resolver todos os problemas, ir em tantos médicos. Meus amigos trabalham muito e sempre estão cuidando de um frila aqui, um curso ali, uma monografia acolá, nunca têm tempo para aquele happy hour querido ou um almocinho que seja. Meu marido é um viciado em estudar e passa os domingos sentindo dor nas costas de tanto ficar inclinado sobre os livros, já que durante a semana concilia trabalho e faculdade.

Eu me sinto mal por ter tempo. Meus últimos cinco anos foram assim: eu equilibrei coisas como aulas de inglês e espanhol, pós-graduação, trabalho voluntário, frilas, trabalho de verdade, faxinas eventuais, cursinho preparatório para concurso e o bom e velho lazer. Agora que não estou fazendo nada disso (com exceção do onipresente trabalho), me sinto meio mal. Hoje saí de casa às 9h30 pra entregar o último documento que faltava na PUC e senti que fechei um ciclo. Terminei tudo às 10h30 e fui fazer uma hora, tomar um café e comer um pavê de cupuaçu para aplacar a minha culpa por ter uma hora sobrando no meu dia.

Não sei se sou eu, se são as pessoas, se é a cidade ou se é a educação judaico-cristã, mas tem algo bem errado nessa história.

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