terça-feira, 20 de setembro de 2011

intensidade

Nunca consegui entender porque as pessoas não eram tão intensas como eu. Eu tive e tenho amigos que reagem de uma forma normal às coisas, que amam de um jeito paciente, que veem o sexo como uma coisa a mais que está ali e que não é tão importante assim, que não olham pro mundo e pras pessoas com essa fome toda que eu tenho. Comigo é tudo sempre em excesso, como se eu precisasse transbordar pra ser eu mesma. Em alguns momentos, naqueles absolutamente nada importantes da vida, eu sinto como se fosse explodir por dentro, aquela intensidade adolescente que eu jamais consegui deixar de lado.

Eu também sou de uma frieza absurda com coisas que deveriam ser importantes. Me mantenho relativamente anestesiada naqueles momentos em que é essencial sentir alguma coisa. Eu consigo não chorar nos momentos mais choráveis da vida e sei que tenho problemas com o meu desapego a coisas, pessoas, à minha própria vida.

Esse descompasso sempre me deixou meio frustrada comigo mesma, principalmente porque normalmente quem me conhece bem me acha louca e pensa que eu superestimo certas situações (e já fui chamada de mentirosa mil vezes por causa disso), enquanto quem me conhece bem mesmo sabe que eu subestimo demais certas coisas. Enfim. É como se um dia um mecânico muito louco resolvesse brincar de testar cérebros e veio logo no meu fazer uma gracinha.

Eu fico encantada ao ver pessoas reagindo normalmente e da forma esperada a situações regulares do dia a dia. Enquanto eu fico emocionada ao ver um guarda-chuva imitando nuvens, não consigo ficar realmente triste ao saber que uma pessoa muito querida morreu. Consigo passar boas horas do meu dia feliz por coisas tão idiotas quanto encontrar um squeeze roxo em forma de guitarra ou saber que a tia do doce vai trazer brigadeiro branco esta semana. Mas não sei ficar puta quando alguém briga comigo ou até mesmo quando meus relacionamentos terminaram. Nem puta e nem triste, diga-se de passagem.

Mas é assim, quem me ama tem que me aturar.

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