segunda-feira, 21 de novembro de 2011

as horas

Eu devia ter uns vinte anos, mais ou menos. Eu fui ao cinema assistir um dos poucos filmes 'fora do circuito' que passavam na cidade em que eu morava, se é que um filme com Meryl Streep e Nicole Kidman poderia ser considerado fora do circuito. O filme era "As Horas", e era melancólico e poderoso. Não é uma história que possa ser contada, e por isso não vou fazer isso.

Naquele dia uma coisa muito importante aconteceu. Eu saí na rua meio desorientada e não sabia porquê. Alguma coisa tinha acordado dentro de mim, e eu senti que não podia mais continuar com a vida que eu tinha. Naquele dia eu senti aquele esmagamento de alguém que de repente se dá conta do turbilhão do mundo, dos sentimentos, dos outros. Foi muito triste, mas ao mesmo tempo, libertador.

Eu acho que, naquela hora, começou a nascer a pessoa que eu sou hoje. Que não conseguiu mais viver com aquela inconformidade toda e precisou sair. Eu não consegui suportar aquela dor, e ela dói até hoje, e ainda sim eu não tenho a menor ideia do que se trata.

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