quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Confusa

E aí que eu vi essa história de uma menina de uns 30 anos que a cada 7 anos faz um ano sabático. Ela trabalha durante sete anos e no outro ano tira um sabático. E é jornalista, vejam bem.

Eu amo e ao mesmo tempo odeio esse tipo de história. Pelo mesmo motivo: porque saber que isso existe mostra que é possível. E que existem pessoas com propósitos de vida que ultrapassam o próximo fim de semana. E que existem pessoas que sacrificam suas finanças durante sete anos (o que, para um jornalista, é deveras sacrificante) para viver um ano em um outro lugar fazendo outra coisa absurdamente diferente. E que essa pessoa provavelmente abdicou de outros sonhos como comprar uma casa, ter filhos ou até mesmo poder se aposentar algum dia.

Ou então ela é rica mesmo e eu estou aqui fazendo papel de idiota.

Sem mais.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Só podia ser um Rosa

"Tudo que muda a vida vem quieto no escuro, sem preparos de avisar"
(João Guimarães Rosa)

Agora eu estou com essa mania de Guimarães Rosa. Apesar de ter que estudar, de ter que terminar minha monografia, de ter que limpar a casa, fazer as coisas sérias, eu, auto-sabotadora profissional, vou assistir a seriados, vou a restaurantes e ao cinema.

Mas o meu segredo, o mais querido, amado e guardado de todos: antes de dormir, eu pego o meu Grande Sertão: Veredas de cabeceira, leio meia página ou apenas uma frase e ganho o dia, a semana, o ano inteiro.

E sempre tenho vontade de chorar de plenitude com sabedoria tão simples.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

tinha alguma coisa que eu queria falar mas eu esqueci

Mas acabei lembrando de outra coisa. De como brasileiro paga pau pra gringo, né.

Eu acabei de conversar com um francês e me peguei rindo das piadas idiotas dele. Por pura condescendência, pelo fato de ele ser francês e conseguir falar português. Piadas das quais eu não riria se fosse um paulistano qualquer, um carioca, um gaúcho, sei lá. UMA PIADA RUIM. Não me perdoo.

Tô quase fazendo terapia pra tentar entender essa merda. Ou talvez devesse tentar encontrar piadas melhores pelo mundo. Porque o que falta nesse planeta é gente que sabe fazer piada boa.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Down

A pior coisa que pode acontecer comigo é saber que alguém que eu amo está mal. É pior do que se a dor fosse minha - eu desejo aquela dor pra mim, porque eu sei esquecer.

E eu não tenho esse poder que desejo tanto. Tenho só o poder de sofrer junto. E talvez sofrer mais. Não perdoo quem magoa as pessoas que eu amo. Não consigo ficar feliz com essa dor alheia.

Sofro demais. Caio no fundo do poço. É horrível.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Ontem foi o dia dele

Ele tava mal-humorado há dias. Eu tentando não falar, mesmo sendo difícil, porque a pior coisa no meio do mau humor é quando alguém pergunta se você tá mal-humorado. É a morte e eu faço isso sempre.

Ontem, eu o acordei com beijos, um presente pessimamente embrulhado e um café da manhã em um lugar diferente. Mesmo com o dia chuvoso e aquela preguiça toda.

Liguei pra ele umas duas vezes no dia, só pra falar um pouquinho e ele, lógico, ficou bravo. Não gostou do telefone tocando tantas vezes. Afinal, é um capricorniano.

À noite, fomos com dois amigos comer num restaurante novo e legal. Tomamos muito vinho, demos muitas risadas e não cantamos parabéns. Não teve bolo nem sobremesa.

Chegamos cansados. Dormimos logo.

Hoje, saindo de casa para o trabalho, quando eu caminhava para o elevador, dei o último "tchau" pra ele. Depois do beijinho, ele disse:

- Foi bom ontem, né.

E isso me valeu o ano inteiro de 2011.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Do passado

E daí que eu fui a uma festa lá no interior de Minas. Onde cresci. Foi um achado, uma festa com bandas boas, num lugar ao ar livre mas com abrigo pra chuva, amigos que não via há tempos. Gente que foi da minha sala na quarta série. Viraram médicos, donas de casa com filhos, viraram funcionários públicos, viraram várias coisas. Engraçado vc ver a infância crescida. Mas enfim, o legal mesmo foi ver o que essas pessoas achavam de mim. Tipo:

- Nossa, Vívian, a imagem que eu guardo de você é a de uma pessoa extremamente agitada.

- Como você era doida, né. Meu Deus, era doida demais.

E eu lá, né. Eu sabia que era meio doida mesmo, mas a imagem que as pessoas de mim era de tri-doida. Impressionante. Foi bom eles terem me visto, que eu virei gente, que tenho um trabalho, responsabilidades, tudo o mais. Foi divertido até, porque todo mundo me via e fazia uma cara de "oh, meu Deus, olha quem tá aqui". Eu de cabelo curtinho e uma roupa totalmente nada a ver, All Star e jeans, uma camiseta do Abaporu estilizado. O povo de salto no meio da lama, vestidos curtos tomara que caia. Chuva, chuva, chuva. Parecia um sonho.

* Mas aí eu comecei a passar mal de fome e fui embora.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

conversas furtadas

Ouvido em uma cidade bem parecida com Dogville.

"- Minha filha tá ficando com um cara super legal. Ele tá passando férias nos EUA.
- É mesmo?
- É, pra vc ver o nível do rapaz. Mas é um cara assim, super simples, sabe"

"- Eu preciso dar um presente pra ele.
- Dá um livro.
- Mas um livro custa R$ 40. Não vou dar um presente de R$ 40"

"Depois dos 30 anos, você não consegue uma mulher sem pagar. Não digo prostituição, mas tem que pagar um restaurante caro, um motel, uma viagem, um presente. Você paga indiretamente. Ou acha que ela vai ficar com você porque tem pegada?"


EU JURO QUE OUVI ISSO. TENHO TESTEMUNHAS.