quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Ela e as pessoas como ela

Ela fala tao certinho e nunca engole nenhuma letra. Sabe inglês fluente e mais algumas línguas. Não é inteligente e nem muito linda, mas sabe parecer ser.

Tem uma vida tão normal que enoja. Ela liga pro namorado pra saber se ele comeu, e passa as noites em casa, vendo novela. Controla a vida dos colegas de trabalho, mas não se preocupa com eles. Ela só quer saber. É uma boa filha, tem um bom emprego, uma boa vida, afinal.

Imagino que ela tenha vontade de ser uma moça sem namorado, que não fala nenhuma língua e que pode falar errado às vezes. Uma vez eu a vi se permitir, e fiquei com pena da humanidade frágil que transpareceu quando ela deixou de usar todas as máscaras e proteções que usa todos os dias. Imagino que ela queira passar as noites sem ver novela, e que tenha vontades. Só.

Tenho raiva dela e das pessoas como ela. Que não fazem escolhas. E quando fazem, recuam. Tenho pena também, porque afinal de contas, a raiva que eu sinto é de ser, lá no fundo, como ela.

Mas sempre, sempre, me recuso a ser como ela. Não somos amigas. Não quero ser amiga dela. Na minha maldade eterna, quero apenas usá-la como modelo. E me torturar bastante quando chegar perto.

Um comentário:

  1. Com tanta cacofonia julgo ser a dita um zero-à-esquerda, uma pobre coitada... Ninguém vai querer ser "como ela"...de jeito maneira!!!!

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