quinta-feira, 24 de junho de 2010

ai, que saudade

Rita, Nicoline, Gui e Fê.
Ricardo, Marcelo, Marilza, Tia Flau e Bianca.
Minha vó, todos de Brighton, Gabriela.

Cinema à tarde. Bolinho de chuva. Vento na praça do lado da minha casa em Juiz de Fora balançando as folhas. Namorar fora de casa porque dentro não pode. Medo de alguém descobrir.

Meus irmãos, meus primos, minha mãe, meu pai.
Lique, Muanis, Renata Miranda, Renatinha Brum. Todos os meus editores.
Paulo Gustavo. Muriaé, Ludmila, Fernanda. Gabriel.

Assistir Pica-pau. Correr na rua bem rápido sem ter peitos. Barbie. Livros infantis da casa da minha tia. Livros adultos roubados da casa de outra tia. Livros, muitos livros da biblioteca da escola da minha mãe.

Meus amores, todos.
Pollyanna, Claudias, Letícia, os meninos do cursinho.
Minhas afilhadas de casamento. Meu sobrinho que eu nem conheci, mas guardo as fotos com carinho.


Coração parando de tanta saudade, ai meu Deus.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Somos livres, e este é o inferno*

Teve o jogo da Coreia com o Brasil. E o tempo todo eu ficava preocupada com os jogadores, como cada um devia estar se sentindo. E ele, sabiamente, me disse:

- Eles não têm individualidade, Vi. Eles foram criados para serem "a pátria", "o grupo".

E olha que loucura, tá certo.
Essa maldita individualidade é que traz os nossos problemas. Porque ela traz a liberdade. E a possibilidade de fazer escolhas. E todo o resto.

E daí que a vida toda a gente passa fazendo escolhas porque se é livre, sofrendo por ter feito as escolhas erradas, mesmo se a gente fez as certas. E fazer escolhas, todo mundo sabe, é terrível.

É claro que eu amo essa liberdade. Quem me conhece e lê esse blog sabe o quanto eu prezo isso, mesmo que me faça sofrer imensamente. Mas ser livre é mesmo o ponto de partida para o inferno. Eu acho que a gente nunca se perdoa por isso.





* A frase não é minha, é da Clarice

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Oi, dor

Oi, dor, tava com saudade.

...

Não repare a bagunça. Pode se sentar em qualquer canto mesmo, a casa é sua. Eu tava precisando te ver, velhos amigos não podem ficar tão longe assim. É muita coisa pra te contar, mas eu sei que você já sabe.

...

Não, não é que eu tenha deixado você de lado. Não leve a mal. É que às vezes eu me distraio. Fico feliz. Vivo. Mas eu não esqueço, é claro que você é importante. Olha só como eu tô me sentindo agora. Viu?

...

Aí, sabia que você não iria ficar brava. Você já tá aqui, de volta, chegou junto com o frio, como sempre. Espera que eu vou ali pegar um vinho. Se quiser a gente pode conversar um pouco e lembrar os bons momentos juntas. Dorme aqui hoje, tem espaço. Sempre tem espaço pra você.

terça-feira, 15 de junho de 2010

La vie en rose

Tá bom que tem Copa do Mundo. E a gente ganha folgas e pode sair mais cedo e beber sem ter que voltar pro trabalho depois. E tá sol lá fora, mesmo com o frio.

Mas nem tô ligando. Ele me resgatou da tristeza em que eu estava depois de voltar de férias tão lindas. Me fez o pedido mais legal na festa mais legal do jeito mais legal do mundo.

E agora eu não ligo pra mais nada.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Passou

Voltar de férias é sinal de crise. Por isso é que até agora não tive coragem de falar aqui sobre as minhas férias. Elas são minhas. São internas, exclusivas, não são públicas. Só eu sei o que senti nessas férias. As impressões estão gravadas dentro de mim, não na câmera fotográfica ou no Facebook.

Mas nem é sobre isso que eu queria falar. Eu queria falar sobre São Paulo, e falar sobre isso sempre me dá uma angústia doida e essa melancolia que eu amo, misturada com a alegria que sinto de viver aqui. Na semana passada, passei pelo Viaduto do Chá às oito da noite. A cidade tava linda, iluminada, e lembrei de mim mesma há quatro anos atrás, passando pelo mesmo lugar às cinco da manhã, abraçando a cidade inteira e gritando o quanto eu era feliz de viver aqui.

Deu uma vergonhinha de ter feito isso, mas deu mesmo foi saudade do tempo em que eu ainda não tinha sido contaminada por toda essa desilusão paulistana. Não é fácil conviver com tanta gente que reclama de São Paulo. Vira hábito, como virou hábito falar "meu" e "entãããão". E dói muito ter que admitir que minha alegria foi consumida - e eu que tanto negava que isso ia acontecer.

Ainda amo muitas coisas, e sei que vou amar pra sempre - meus restaurantes queridos, feirinhas deliciosas, bairros onde eu sempre vou querer morar, os melhores cinemas com os melhores filmes, os parques, o metrô, até a tal da interação do transporte público de que sempre reclamam. Os sebos, os brechós, os bares, o chopp. A Rua Augusta, a Liberdade, a minha casa Vila Madalena com a vista mais linda do mundo.

Mas não é o mesmo mais. Isso é triste. Perceber que eu tÔ virando a página de São Paulo.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Cidade

"Sou refém da teoria generosa de Henri Lefèbvre, de que a cidade é a única coisa que vale a pena no resíduo que o homem vai deixar no planeta. A cidade é onde fazemos coisas juntos. Saio com desconhecidos, ando com eles num ônibus, compartilho espaços e sou obrigado à cortesia ou à grosseria, mas sou forçado a vê-los, aceitá-los ou combatê-los, tolerá-los. Quem se tranca em prédios cada vez mais complicados busca segurança, alegadamente física, na verdade segurança social, a afirmação constante de sua incapacidade de viver junto e olhando o horizonte de um mesmo ponto de vista que outros milhões."

Peguei daqui.

E até que senti saudade dessa definição caótica de cidade que a gente encontra em SP. Mas ó, já tá passando, viu? ;-)