segunda-feira, 22 de agosto de 2011

ensaio sobre a lucidez

Eu e um amigo conversávamos quando a gente chegou à conclusão de que, na casa dos 30, com muitos sonhos realizados, as coisas ficaram simplesmente sem graça. Não que a culpa fosse do trabalho, da vida ou das posses financeiras. A gente até que está longe do topo, falta comprar muito, fazer muito, ainda não chegamos lá (tomando como o ponto ótimo da vida de alguém). É que de repente a gente não tem mais aquelas certezas todas. E deu vontade de largar tudo, pegar a lancheira, um polenguinho, e ir tomar toddy no parque.*

Ele ficou com medo de estar virando um louco. Acho que, no fundo, ele (como eu) se sente meio idiota ou um ingrato com a vida por estar frustrado com tantas conquistas, aquelas conquistas bem legais que foram acontecendo e que a gente comemorou tanto aos 20 e poucos. E que, aos 18, jamais imaginava que conseguiria ter.

Eu achei que é síndrome de país rico. Aquela coisa de ficar deprimido quando se perde o desafio. Ou então, talvez, um ataque de hiperlucidez, de gente que tá se preocupando com as contas, com a dieta, com a próxima viagem, com o medo de beber demais ou ficar muito louco e depois não saber como se portou. São preocupações novas. Assustadoras e meio paralisantes, eu acho.

O que a gente não sabe direito é até que ponto a hiperlucidez vira loucura e o círculo começa do começo. de novo.






O que, se formos pensar, até que é uma ideia bem reconfortante.


* contribuição do meu amigo :-)



Um comentário:

  1. É reconfortante mesmo... não tinha pensado sob esse aspecto...

    Fer Moraes

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