quarta-feira, 31 de março de 2010

Doeu? Então é amor.

É meio adolescente esse título, né? E meio fatalista também. Mas eu pensei nisso quando soube da história de um garoto de uns 14 anos apaixonado pela primeira vez. Ele foi trocado por outro e aquilo doeu demais, o menino sofreu horrores e a mãe dizendo "que não era pra tanto, que aquilo ia passar, que ele ia sofrer tantas outras desilusões" e etc.

Não concordo. Nem todo mundo sabe o quanto dói. E se dói, é aquela dor única que não vai ser igual às outras. Nunca.

Não estou cultuando a dor, pelo contrário. Deus me livre de sentir de novo tanta dor de amor quanto eu senti - tantas vezes eu achei até que fosse enfartar. Mas se tem uma coisa que é verdade, é essa. Doeu? É amor.

(Acho que, com o tempo, não para de doer. Mas a gente se acostuma à dor. Com o tempo, ela se incorpora à nossa vida. E a dor vira um luto que acompanha a gente. É até uma dorzinha boa quando você recorda aquele amor do passado, mas sempre com aquele machucadinho de ter vivido aquilo. E é gostoso isso. É viver)

quarta-feira, 24 de março de 2010

Passou



Peguei do @gravz

Que droga

Fiquei realmente chateada com esse assunto.

o financiamento imobiliário de 20 anos

Eu fico meio aliviada porque meio que já passei da idade de ser esquizofrênica. Mas às vezes eu continuo com um pouco de medo.

Porque eu não consigo me conformar com uma vida só, com as paixões de sempre, com a carreira que eu escolhi pra vida inteira e que, pra falar bem a verdade, estou pouco me lixando. Eu gostaria de ser entregadora de jornal, cantora de cabaré, massagista ayurvédica e professora de yoga na mesma vida. Com um milhão de interesses diversos, como é que um ser humano consegue ser o mesmo, sempre?

É muito sofrido. Ter que amar sempre as mesmas pessoas. Tem dias que eu não quero mais amar ninguém. Canso. Não é que eu tenha vontade de amar outras pessoas, é que eu não quero mais aquelas. Parece coisa de criança mimada, e provavelmente é. Mas é difícil lidar com isso. E, por incrível que pareça, eu não invejo a constância alheia. Tenho um pouco de desprezo, até. Pelo metódico, pelo planejado, pelo financiamento imobiliário de 20 anos. Isso é o que eu mais odeio em mim também, porque volta e meia vem o financiamento imobiliário de 20 anos na minha cabeça.

Sei que pode ser só um resquício de uma criação católica-aristocracia rural falida-classe média-pai comerciante-mãe professora. Provavelmente é. Mas olha, me incomoda horrores. Da mesma forma que me incomoda ter que escrever isso. Mas escrever é preciso, viver nem sempre é preciso.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Mentiras sinceras

Tinha eu e tinha ele. A gente vivia de mentiras sinceras. Muitas eram verdades, como "você é lindo/linda" e "eu gosto de ficar com você".

Outras eram mentiras como "eu queria te namorar se tudo não fosse assim", "você é a pessoa mais incrível que eu já conheci". Mentiras sinceras. A gente fingia que acreditava em tudo e nunca teve a chance de acreditar de verdade. A gente até tentou acreditar, mas acreditar é difícil, e durou pouco.

Eu não sei em que momento, mas houve um momento. Eu sorria por dentro e achava um pouco de graça. Na verdade eu ficava com pena de mim e pena dele, por querermos acreditar, e por querermos que o outro acreditasse, sendo que os dois sabíamos que nada mais era.

Foi patético. Mas foi bom. Adultezas.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Ideias soltas

- É importante?
- Você sabe. Nada nunca é importante.

XXXXX

- Engraçado. Não, não é engraçado.

XXXXX

- Sabe aquele sentimento estranho de quando você acha que gosta de alguém mas não tem certeza? Incomoda. Dói. Acho que é pior do que amor, de longe.
- Nunca amei. Nunca gostei de ninguém assim. Como posso saber?
- Você vai saber quando doer. Ah, e dá uma vontade de vomitar um pouco.
- ...
- Mas só um pouco, não fica com medo.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Machismo

Venho de uma família de grandes mulheres. Mulheres que trabalharam, que sustentaram casa, mulheres que nunca ficaram sob o jugo do marido. Minha bisavó, avó do meu pai, ficou viúva e se viu sozinha aos 16 anos com uma filha nos braços e uma máquina de costura como patrimônio. Trabalhou e conquistou seu espaço.

Minha avó materna sustentava a casa, trabalhava muito, não sabe cozinhar, se casou aos 30 anos com um homem divorciado. Teve namorados antes dele. Viajou para curtir carnaval na juventude. Nunca foi mulherzinha, apesar de ter sido submissa ao marido, como muitas de sua época.

Minha mãe resolveu continuar estudando mesmo depois dos 4 filhos. Compartilhava das contas da casa, é antenada, usa redes sociais, namora um cara mais novo e faz o que quer.

Com exemplos tão lindos eu não podia pensar diferente do que penso hoje. Por isso eu fico triste quando vejo o machismo que ainda rola solto por aí: machismo no pensamento e comportamento de homens e mulheres. Muitas estão sob a sola do sapato e das vontades de maridos e namorados. É uma pena.

Não é queimar sutiã. É só ir tomar um chopp com os amigos sem pensar que o namorado vai ficar com ciúme. É só poder escolher o que quer fazer hoje, mesmo que o homem não queira. É não precisar assistir jogo de futebol de um time para o qual você não torce. É não ter responsabilidade de cuidar de filhos que não são seus. É poder viajar sozinha, sem ter o tipo de cobrança 'onde-você-está-que-voz-de-homem-é-essa".

Esses são exemplos reais. De mulheres e meninas que acabam perdendo as próprias personalidades. Já aconteceu comigo, e eu perdi muito. Perdi a oportunidade de me conhecer, de viver coisas legais, de compartilhar alegrias. Muitas dessas mulheres com pensamentos machistas, quando perdem o namorado ou marido, perdem o chão. Sofrem porque não se conhecem mais, porque se veem sem amigos, porque a vida social inteira era em torno de uma coisa falsa, imposta, obrigatória.

Enfim, é foda. Eu vejo todo dia um exemplo disso e fico pensando se alguma coisa realmente mudou nos últimos 50 anos.

terça-feira, 9 de março de 2010

Minha dor e minha fome

Eu vivo bem com a minha dor. Me acostumei com ela, constante, presente, como uma companhia que a gente se habitua.

Minha dor é diária. É como ter um nariz meio esquisito. Você se esquece que tem, e de repente alguém olha, ou você mesmo se olha no espelho e vê aquele nariz lá. Pode incomodar às vezes, mas não é todo dia que você vai achar seu nariz esquisito, afinal é o seu nariz.

A minha dor é assim. Afinal, é minha, é cotidiana, mas também é dor, e machuca às vezes. Se faz presente. E eu vivo como se fosse um super-herói com uma identidade secreta, porque nunca falo da minha dor e escondo ela como se esconde um defeito. Mas ela não é defeituosa, é só a dor mesmo. E eu nem saberia falar dela, se quisesse, se pudesse, porque, afinal, o que se fala de uma dor?

Já a minha fome é diferente. Ela é constante também. É motivo de piada às vezes. Como uma pessoa pode sentir fome o tempo todo? Eu sinto. Mas às vezes ela some também. Lógico, some quando eu como muito, mas volta rápido. E passa alguns dias sumida também, quando tudo está triste. Ou seja, ela e a dor são companheiras, mas não se bicam muito. Como duas amigas muito lindas que competem pelo amor de alguém. No caso, eu sou esse alguém. Dividida entre a minha dor e a minha fome.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Eu tenho um plano B

Na verdade não é bem um plano B. Na verdade não é bem um plano, é uma resolução kamikaze. Uma resolução de desaparecer mesmo por um tempo.

Esse plano B tá bem guardadinho dentro de uma parte meio obscura de mim.

O homem que eu amo sabe que eu tenho esse plano. E respeita. E tem a consciência de que, se algo der errado com a gente e não pudermos mais ficar juntos, o plano é acionado automaticamente.

É meio assustador, mas isso me faz feliz. A lógica é simples: ele me faz feliz. A possibilidade do plano B também. Se ele não me fizer mais feliz, eu tenho o plano B, que obviamente vai me fazer feliz por um tempo.

Juro que vivo em cima dessa linha. É egoísta, é frio, é estranho. Mas essa sou eu.

terça-feira, 2 de março de 2010

(eu fico impossível na semana do meu aniversário)

Olha só que linda a homenagem que o Governo de S. Paulo fez pra mim.

No dia 7 de março, domingo, no fim de semana do evento mais importante do ano (meu aniversário), haverá uma apresentação gratuita da OSESP na Sala São Paulo.

Será às 11h.

Eu vou porque não posso fazer essa desfeita, né?