Que o mundo se rendeu aos animais já é fato, né. Afinal de contas, é muito melhor se relacionar com alguém que não fala, não te decepciona, abana o rabo pra você quando te vê e faz com que você se sinta importante.
Aí, enquanto humanizamos cachorros e gatos, com coisas bizarras como salão de beleza, padaria e casamento , cachorrizamos pessoas.
Não sou idiota a ponto de fazer sermão pra isso, principalmente porque adoro bichos e gosto cada vez menos de pessoas, mas que é um fenômeno, é. Inegável.
Vamos ilustrar:
São Paulo, segunda-feira de manhã.
Lá estou eu, no supermercado, fazendo compras. Uma senhora na fila atrás de mim aponta pra um produto de limpeza que eu comprei e me pergunta: "onde você achou isso?". Acostumada que estou a ser ignorada pelas pessoas nesse ambientes públicos (e rapidinho aprendi a ignorar também), achei aquilo estranhíssimo. Cheguei a considerar que a véia tava doida. Mas respondi (meio de qualquer jeito, assumo): ah, tava lá, na prateleira de produtos de limpeza.
Aí a pessoa em questão, no caso eu, saio do supermercado, vejo um gatinho lindo miando, faço aquela graça e quase levo pra casa, dou um banho e faço trancinha no bigode.
Ou seja. Eu achei estranho uma pessoa se direcionar a mim no supermercado pra conversar. Como se fosse um cachorro falando comigo. E, no fundo, estamos acostumados a ignorar estranhos, como se cachorros fossem. Isso vai na direção contrária à adoração obsessiva que estamos desenvolvendo pelos bichos.
É um assunto para se pensar, acho.
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